O Deserto Vermelho (1964)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

O DVD traz uma entrevista feita com o diretor Michelangelo Antonioni na época do lançamento deste filme na qual ele diz que trata mais de um ambiente do que de um personagem. A cidade é quase um símbolo do progresso, da vida moderna.

Antonioni foi um dos primeiros a denunciar a corrupção e a decadência do meio ambiente, quando ainda não existiam movimentos ecológicos como hoje em dia. Também foi o primeiro a usar a chamada cor psicológica: com a ajuda do excelente fotógrafo Carlo Di Palma, ele elabora os aspectos cromáticos de acordo com o estado emocional da heroína (Monica Vitti, que então era musa do diretor). Casas e árvores foram pintadas para refletir os sentimentos da personagem.

A narrativa, como sempre em Antonioni, é lenta, com longas caminhadas, e conta a história de uma mulher neurótica que não sabe resolver seus problemas. O clima é acentuado pelo ambiente chuvoso, cinzento e nublado onde vive.

Visualmente inovador, o filme não é para qualquer público. O ator Richard Harris largou as filmagens no meio, oficialmente porque tinha que rodar outro ("Juramento de Vingança", com o cineasta Sam Peckinpah) mas, segundo os boatos, ele teria dado um soco no diretor. Nas cenas que faltavam, foi substituído por um dublê filmado de costas.