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Ficha completa do filme

Musical

O Fantasma da Ópera (2004)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2

Quando se diz que a melhor coisa de um filme é sua direção de arte, estamos mal. É o caso desta adaptação de "O Fantasma da Ópera", o famoso musical de Andrew Lloyd Webber, ainda em cartaz na Broadway. Lloyd Webber sempre me pareceu um pastiche discutível de operetas e "grand guignol".

Mas o público costuma lotar os teatros e sai cantarolando os dois temas centrais. Webber produziu e supervisionou o filme dirigido por Joel Schumacher, que, depois de dois filmes de Batman (universalmente ridicularizadas), passou a fazer umas fitas violentas (para as quais descobriu Colin Farrell). Ex-figurinista, Schumacher apenas valoriza os detalhes das roupas no filme.

Ao mostrar o Teatro de Ópera Popular, o filme parece rico e suntuoso. Mas logo depois cai no kitsch e no grotesco, como no refúgio onde está o dormitório do Fantasma. Será que o diretor quis copiar "Ludwig", de Visconti? Ou, em outra cena de delírio, ele não tem vergonha de imitar descaradamente "A Bela e a Fera", de Jean Cocteau?

A história é sobre Christine, uma jovem cantora que ficou órfã e foi criada nos bastidores da ópera, protegida por um desconhecido que parece um fantasma e que ela pensa ser seu próprio pai.

Mas o fantasma é um compositor frustrado que teve seu rosto deformado por um incêndio e que vive nos porões do teatro, assustando seus donos. Quando uma prima-dona (Minnie Driver, numa tentativa de ser alívio cômico, mas num papel pequeno demais para ser marcante) cria caso, Christine tem a chance de estrelar uma ópera e acaba sendo redescoberta pelo namorado da infância, que é também visconde e patrono do lugar. A história é contada num longo flashback desse namorado de infância, que relembra os acontecimentos quando se faz um leilão do que sobrou do incêndio da ópera.

Schumacher acertou no mais difícil: encontrar uma boa menina que cantasse e convencesse como a heroína (Emmy Rossum, de "O Dia Depois de Amanha"), ainda que por vezes a dublagem da fita pareça fora de sincronia. O galã Patrick Wilson ("Angels in America") está inexpressivo e prejudicado por um cabelo ridículo.

O problema maior é a escolha do Fantasma, um ator escocês pouco conhecido chamado Gerald Butler (que fez o primeiro "Lara Croft"), que não canta bem, não é bom intérprete e não tem nenhum carisma. O curioso é que em outros filmes, como em "Querido Frankie", Butler demonstrou exatamente o oposto. Ou seja, só pode ser culpa da direção.

O filme nem se caracteriza como terror nem o lado romântico é bem explorado. Outro problema: com muito efeito digital, o filme lembra bastante "Moulin Rouge", só que sem invenção nem criatividade.

"O Fantasma da Ópera" foi fracasso de bilheteria e dá para entender o por quê. Foi indicado ao Oscar de fotografia, direção de arte e canção ("Learn to be Lonely", fraquinha e composta especialmente para o filme, interpretada nos letreiros finais por Minnie Driver).

Edição em DVD traz como extras: making of ("Por Trás da Máscara"), "A Música de The Phantom", quatro clipes . A edição americana tem uma cena adicional.

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