"O Fantasma do Paraíso", de 1974, foi precurssor do conceito de cult, ao menos no Brasil. Quando estreou em São Paulo, ficou apenas dois dias em cartaz. Mas o antigo cine Bijou o resgatou, e o filme passou a fazer sucesso. Foi assim que o brasileiro consagrou o diretor Brian De Palma antes de ele ficar famoso no resto do mundo com suas imitações de Hitchcock.
O filme é um musical rock escrito pelo próprio diretor, parafraseando a famosa história de "O Fantasma da Ópera", de Mary Philbin, e por isso o herói aqui leva esse nome. Obviamente foi feito muito antes de "O Fantasma da Ópera", de Andrew Lloyd Webber.
O diretor transpõe a ação para uma espécie de discoteca típica dos anos 70 (por isso o filme envelheceu um pouco visualmente), com clima de terror pop, satirizando grupos no estilo Kiss.
Paul Williams interpreta Swan e também compõe a trilha do filme. Jessica Harper é a única do elenco que fez certo sucesso depois, como "Memórias", de Woody Allen, e "Dinheiro do Céu", com Steve Martin. Sissy Spacek, já famosa na época, assina o filme como "assistente de direção de arte" (set dresser) porque ajudou o marido Jack Fisk.
O filme tem senso de humor (é quase uma sátira) e já demonstra o controle técnico do cineasta, como na cena da bomba em uma única tomada, homenagem a Orson Welles e a "A Marca da Maldade". Indicado ao Oscar de melhor trilha musical, ganhou o Grande Prêmio do Festival do Cinema Fantástico de Avoriaz.