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Ficha completa do filme

Comédia

O Herói do Rio (1928)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
O Herói do Rio

Exibido no Brasil como "Marinheiro de Encomenda" ou "Marinheiro por Descuido", esta é uma das obras-primas do genial Buster Keaton (1895-1966), que, embora não assinasse a direção, era sempre o criador e responsável por tudo. Muitos nem sequer o classificam como diretor, devido à sua relutância em assinar os filmes que estrelou.

Mas o fato é que durante a Idade de Ouro da comédia americana, havia três grandes: Charles Chaplin, Harold Llloyd e Buster Keaton. Deles, o que melhor resistiu ao tempo foi Keaton. Nada melodramático e sentimental como Chaplin, menos norte-americano do que Lloyd (o que não lhes tira a genialidade), Keaton era mais inventivo, mais atlético (seu corpo trazia as marcas das proezas e quedas, todas feitas por ele mesmo), simplesmente mais engraçado.

Como qualquer comediante, apreciar suas comédias é também uma questão de gosto adquirido. Era o Great Stone Face (A Grande Cara de Pedra) e seus demônios pessoais, inclusive o alcoolismo, contribuíram muito para o debacle de sua carreira depois do cinema falado.

Mas basta ver o encontro dos dois grandes, Chaplin e Keaton numas poucas cenas de "Luzes da Ribalta" para se entender sua genialidade. Um dos grandes nomes do cinema humorístico, comparável a Chaplin na inventividade, na ousadia das gags e na criação de um tipo inesquecível: o homem que nunca ri.

Sua decadência foi provocada por ter aceito um contrato na Metro, onde não tinha controle sobre a parte criativa de seus filmes. Complicado com problemas, com o alcoolismo e a falência, passaria duas décadas em papéis secundários, até ser reabilitado no fim da década de 60.

A cópia não é de boa qualidade (embora a distribuidora afirme ter sido licenciada oficialmente). Famoso principalmente porque Keaton, que sempre fazia suas próprias cenas de perigo, deixa cair uma parede nele, e que poderia tê-lo matado (dizem que a equipe fugiu do set com medo de ver um desastre).

Depois do furacão que atacou e destruiu New Orleans, é triste ver o filme mostrar um ciclone que ataca a mesma região (originalmente seria uma inundação, mas saia cara demais). O filme foi usado depois como modelo para o primeiro desenho animado de Mickey Mouse, "Steamboat Willie" (1928).

Não chega a ser o melhor de Keaton, mas tem momentos notáveis, em particular nos 15 minutos finais. Trilha musical com pianinho banal. Como em todos os seus filmes, o humor físico é brilhante, o enredo cuidadoso e original, e os stunts, todos criativos e perigosos.

Além disso, Keaton tinha um dom para terminar os filmes com uma piada genial e inesquecível, o que acontece aqui. O começo é meio lento, mas a partir da metade o filme ganha vida até a longa seqüência do ciclone, absolutamente antológica e hilariante. O barbeiro é feito pelo pai do ator, Joe Keaton.

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