UOL Entretenimento Cinema

Ficha completa do filme

Drama, Policial

O Invasor (2001)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
O Invasor

Uma mistura de qualidades e defeitos típicos de nosso cinema. O maior deles é indesculpável. A falta de uma fotografia competente e problemas técnicos graves. Foi realizado uma parte em Super 16 mm, a outra em digital. Há uma enorme variação de luz de plano a plano, algumas cenas são meros borrões e de tempos em tempos há manchas e riscos (drop-outs) vergonhosos.

Isso para não dizer de certo momento em que o roqueiro Paulo Miklos olha de esguelha para a câmera (não estou falando de um momento onde ele realmente se dirige ao espectador, é pouco antes, quando estão discutindo no escritório). Esse mau acabamento é um elemento de irritação, ainda mais porque o filme tem um argumento inteligente e é mais um trabalho do sempre promissor Beto Brant.

Ele consegue resolver o maior problema, que é justamente dar uma cara de Brasil, falar de coisas nossas, problemas da gente, com humor e atualidade, fazendo paralelos entre dois tipos de criminalidade. Acertando até mesmo na escolha de ambientes e paisagens raramente mostradas em nosso cinema de ficção.

Por outro lado, é um trabalho preguiçoso. O roteiro se interrompe justamente no melhor da história sem saber concluir (e acaba com outro personagem, quando pelo próprio título do filme o que interessaria é o que o Invasor iria fazer, como iria se comportar, queremos ver o desfecho do plano dele).

Nesse ponto é até inferior aos filmes anteriores de Beto ("Os Matadores", "Ação entre Amigos") e não justifica a premiação no Festival de Sundance, como Melhor Filme Latino (e inúmeros outros prêmios em Festivais locais).

O argumento porém é bem interessante. São dois parceiros de uma construtora, um mais sério (Marco Ricca) e outro vigarista, também dono de uma boate (Alexandre Borges). Para se livrar de um sócio que os incomoda, eles contratam um assassino de aluguel, um marginal (Paulo Miklos, dos Titãs).

Tudo corre conforme o planejado, mas esse malandro resolve se infiltrar na firma deles, passando a freqüentar o lugar, se intrometer na vida deles e a namorar a filha (Mariana Ximenes) rebelde do falecido (ou seja, do cara que ele matou).

Enquanto Marco tem crises de consciência, se envolve também com uma prostituta (Malu Mader, que também esteve em papel semelhante em "Bellini e a Esfinge"), enquanto o Invasor continua o romance. E aí de repente o filme acaba, sem ir mais longe, sem aprofundar nada, sem contar a história direito.

Seria um grande personagem para Miklos, que ele resolve razoavelmente bem (para quem não sabe que ele é Titã, o efeito é muito menor, é apenas um sujeito esquisito e estranho, que não domina a cena como faria um ator mais experimentado). Se não funciona, a culpa é menos sua do que dos roteiristas e do diretor.

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