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Ficha completa do filme

Drama

O Outro Lado da Rua (2004)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2
O Outro Lado da Rua

Dar prêmios para Fernanda Montenegro nada mais é do que fazer justiça a nossa maior atriz. Modelo de mulher, pessoa, caráter, talento. Por mim, ela devia ganhar todos os prêmios. E também na opinião de seus colegas. Por isso, não quer dizer muito os prêmios que Fernanda ganhou por este filme do estreante Marcos Bernstein, co-roteirista de "Central do Brasil" (mas também dos menos notáveis "Xangô de Baker Street" e "Oriundi").

Fernanda é uma maravilha mesmo quando faz um personagem antipático, difícil, contraditório, nada menos do que uma dedo-duro que trabalha para a polícia carioca usando o nome de Branca de Neve. Ainda assim, como o diretor Bernstein, deixa a desejar. É difícil dizer o que está errado.

Talvez o romance entre o casal que nunca fique justificado (um velho viúvo se envolveria com muito mais lógica por uma jovem), talvez a evolução do personagem não esteja bem marcado. Ou simplesmente o diretor não tenha mão para cinema. Não coloca a câmera no lugar certo, não é feliz em retratar Copacabana (que fica com cara daquele documentário do Eduardo Coutinho, "Edifício Master", onde ele não pode mostrar direito o exterior do prédio que retrata).

A história também é discutível, já que a própria tradição do filme policial coloca o cacoete, o delator no último degrau da honra. Então fica difícil aceitar uma mulher como Regina, que para suportar melhor a solidão, até se arrisca freqüentando inferninhos para contar as coisas para a polícia.

Até o dia em que, no maior estilo "Janela Indiscreta", ela observa num prédio em frente, um homem (Raul Cortez) aparentemente matando uma mulher. Denuncia, mas não dá em nada porque ele era um antigo juiz. Mesmo assim, insiste, se aproximando dele e surgindo daí uma espécie de romance. Que já nasce mal-encaminhado, cheio de mentiras e jogos. E que culmina com uma cena de amor com o casal que foi muito promovida, mas é muito discreta, nada a ver com a de Miriam Pires e Jofre Soares em "Chuvas de Verão".

O fato é que o filme não consegue comover. Não é nem mesmo o melhor papel de Fernanda. Mas ela tem um delicioso duelo de divas, em duas pequenas cenas onde contracena com outra grande atriz, Laura Cardoso. É um dos poucos instantes que a gente vê o que o filme poderia ter sido.

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