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Ficha completa do filme

Comédia

Ó Paí, Ó (2007)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3

Este é o terceiro e melhor filme de Monique Gardenberg, com história e interpretações envolventes, ritmo ágil e divertido. Lembra aquelas comédias italianas dos anos 50, dos irmãos Eduardo e Peppino de Filippo, passadas em cortiços em Nápoles, onde todo mundo gritava com todo mundo e que eram sempre engraçadas. Também traz à mente as fitas dos anos 60 que Roberto Pires e Alex Viany fizeram em Salvador, cruzando várias histórias. E finalmente as chanchadas nacionais em que todos se preparavam para o Carnaval e tinham problemas com a dona da pensão (interpretadas por Violeta Ferraz ou Maria Vidal ou Zezé Macedo), com a novidade que ela agora é evangélica, embora faça sua fezinha nos búzios.

Inspirada em peça teatral de Marcio Meirelles e aproveitando intérpretes do grupo teatral Oludum, a baiana Monique conseguiu realizar seu filme mais livre, pessoal e bem-sucedido. No fundo também é um musical, muito ajudado pela excelente trilha musical de Caetano Veloso e Davi Moraes que permite descobrir as qualidades vocais de Lázaro Ramos.

A história se passa no bairro do Pelourinho, onde, num antigo cortiço, uma mulher evangélica perturba a vida de seus inquilinos, todos muito liberais: um mecânico, um travesti, uma mãe-de-santo, uma enfermeira que cuida de crianças sem pai (e recebe a visita da irmã que mora no exterior, onde aparentemente se prostitui), uma mulher grávida com marido taxista que tem caso com o travesti, e assim por diante. Há ainda um bar ali perto, dirigido por uma lésbica e com uma garçonete recém-chegada que se engraça com Lázaro.

Tudo isso é mostrado com muita vibração, porque acontece durante menos de 24 horas, na última noite do Carnaval. A ação é interrompida por canções que tanto podem estar em off quanto cantadas pelos atores. Ou seja, não é exatamente um filme equilibrado, nem pretende ser. Seu charme é justamente ser vivo, alegre, humano, muitíssimo bem interpretado.

Desde os tempos de "Dona Flor" não se via uma história baiana com tanto sabor, tipos originais e um elenco feminino deslumbrante. Mas o show é mesmo de Lázaro Ramos, que ainda consegue revelar novas facetas -- um superator que levanta o filme.

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