O Retorno do Talentoso Mr Ripley (2002)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Nova adaptação de um romance de Patrícia Highsmith, que mal foi visto nos EUA. Mas que talvez seja o melhor filme de La Cavani nos últimos anos.

Embora não seja de fato uma continuação do filme de Antonio Minghella, "O Talentoso Ripley" (1999), assume a herança como se Malkovich fosse um Matt Damon mais velho, mais experiente e agora sem escrúpulos ("Careço de consciência. Quando jovem isso me perturbava. Isso não mais acontece", diz ele num certo momento).

Frio, calculista, mas também impulsivo, já na primeira seqüência mata um capanga friamente. Mais tarde, cria uma relação muito interessante com um modesto dono de loja de molduras, que sofre de leucemia e falou mal dele. O rapaz não consegue resistir a oferta de muito dinheiro em troca de um assassinato (pensando em deixar dinheiro para a mulher e filho) sem pensar que vai entrar numa espiral sem saída de outras mortes e perseguições. Ripley o acompanha (sem dúvida, continua a haver uma leitura homossexual do personagem, agora menos discreta pela própria figura ambígua de Malkovich que é o intérprete perfeito e ideal de Ripley). John está muito elegante (o que só aumenta o choque das cenas de violência, que são muitas). O filme nos leva no que seria o jogo de Ripley (quando lhe pedem uma explicação para o motivo de envolver o outro ele responde: "Porque me insultou, porque podia, pelo jogo"). Alguns se envolvem, outros podem rejeitar. Mas não tem como negar que tem um fascínio.