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Ficha completa do filme

Suspense, Terror

O Ritual (2011)

Sérgio Alpendre

Sérgio Alpendre

Colaboração para o UOL 02/09/2011
Nota: 2

"O Ritual" até que começa bem. Em tempos de câmera balançando para sugerir um incômodo que o roteiro e a cenografia não foram capazes de criar, é bom vermos um filme bem enquadrado, com certo rigor de composição, cenários e atuações, e cenas que respeitam o tempo e a arte dos atores (ajuda termos um ator bom como Rutger Hauer nessas imagens iniciais).

"O Ritual" conta a história de um jovem que tem dúvidas sobre uma suposta vocação para ser padre. Ele vai a Roma participar de um curso sobre exorcismo (porque nunca antes haviam sido feitos tantos exorcismos), e lá se envolve com o Padre Lucas (Anthony Hopkins), exorcista experiente, segundo seu professor. Acaba acompanhando um caso de exorcismo de uma menina de 16 anos, grávida por ter sido violentada pelo próprio pai.

Aos poucos o filme vai se revelando como mais um que explora a dualidade entre o cético e o crente, entre o sobrenatural e a ciência. E essa dualidade é trabalhada da mesma maneira em vários outros filmes, o que causa um desagradável déjà vu.

A escalação de Hopkins torna a presença do Padre Lucas um trunfo da produção, ao contrário da desnecessária presença da jornalista interpretada por Alice Braga (uma bobagem que o filme deveria ter suprimido). É com ela que se desenrola as piores cenas do filme, especialmente no clímax.

Para piorar, o desenvolvimento da trama vai para um lado contrário à premissa inicial. Em certo momento, depois da primeira etapa do exorcismo (o primeiro que vemos no filme), o jovem aluno pergunta: "é só isso?", ao que Padre Lucas responde: "o que você queria, cabeças girando, sopa de ervilha?".

Esse breve diálogo, evocando jocosamente a famosa cena de "O Exorcista", dá a impressão de que o filme iria enveredar por um caminho bem mais interessante, o do questionamento, mesmo que depois o sobrenatural prevalecesse. Mas não é o que acontece.

O sobrenatural prevalece, sem qualquer outro questionamento, o que não seria um problema se "O Ritual" não descambasse para o terror lugar-comum das produções recentes. O filme termina fazendo com que a luta entre o bem e o mal pareça brincadeira de criança.

Infelizmente, não sentimos medo na meia hora final, sentimos vontade é de rir das caretas e dos diálogos entre o jovem e a personagem de Alice Braga. É de se lamentar que isso tenha acontecido em um filme que prometia ao menos alguns calafrios.

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