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Ficha completa do filme

Aventura

O Senhor dos Anéis - As Duas Torres (2002)

Pablo Raphael

Pablo Raphael

Da Redação 12/11/2010
Nota: 5
O Senhor dos Anéis - As Duas Torres

Depois de ''A Sociedade do Anel'' (2001), o longa-metragem ''As Duas Torres'' (2002) deu continuidade à transposição de ''O Senhor dos Anéis'' para o cinema e foi provavelmente a adaptação que mais dividiu opiniões entre os fãs da obra do inglês J. R. R. Tolkien quanto à visão do diretor Peter Jackson para a trilogia.

Controvérsias à parte,''As Duas Torres'' recebeu o Oscar nas categorias Edição de Som e Efeitos Visuais. Também concorreu como Melhor Filme, Direção de Arte, Montagem e Som.

Um filme sem começo nem conclusão bem delineados, ''As Duas Torres'' tem sua narrativa dividida em três aventuras, essas sim, com começo, meio e fim - ainda que sejam apenas prelúdios para a derradeira grande aventura do terceiro filme, ''O Retorno do Rei''. Há muito mais ação, como a batalha do Abismo de Helm e momentos tocantes, como quando Samwise Gangee, o escudeiro interpretado por Sean Astin, compreende a tecitura das histórias realmente importantes e do que os heróis são feitos.

Na versão estendida, foram acrescidos 42 minutos às cenas intensas do filme original. São 18 cenas estendidas e 14 cenas novas. Para sua realização, foram produzidos 200 novos efeitos especiais e novas faixas para a trilha sonora compostas por Howard Shore e interpretadas pela Orquestra Filarmônica de Londres.

As novas cenas permitem uma melhor compreensão dos conflitos de Aragorn (Viggo Mortensen) com seu passado e a conexão entre as tramas que durante todo o filme, correm em paralelo.

Além do filme, dividido em 2 DVDs, há dois discos recheados de extras. Documentários mostram o processo de adaptação do livro para o cinema, a produção da Terra Média - objetos de cena, figurinos, maquiagem e outras curiosidades - mapas que mostram a Terra Média imaginada por Tolkien e as locações da Nova Zelândia transformadas no mundo fantástico visto nos filmes.

Há mais de 100 entrevistas com elenco e equipe, quase 2000 fotos, comentários dos artistas, demonstração de som e o mais interessante, um documentário dedicado a Gollun, a criatura esquizofrênica que rouba a cena com a perfeição da captura de movimentos - de fato, após ''O Senhor dos Anéis'', Andy Serkis, o ator que dá vida à criatura trágica e repugnante, fez carreira emprestando seus movimentos para personagens de videogame.

Ainda que a versão lançada no cinema em 2002 seja uma obra completa, é preciso admitir que o conteúdo adicional da versão estendida de ''As Duas Torres'' é um filme mais coeso do que o original e faz com que o enredo de "O Senhor dos Anéis" prossiga para seu climax de maneira menos abrupta do que na trilogia original.

E no Bluray?

A Warner estima que uma edição em Bluray da versão estendida de ''O Senhor dos Anéis'' deve ser lançada em 2011. Há, entretanto, um box com os três filmes disponíveis para essa mídia, sem cenas adicionais e com alguns extras. ''As Duas Torres'' contêm documentário com making-of, videoclipe, trailers do cinema, os documentários: ''Bem vindo à Terra-média'', ''Em Busca do Anel'' (especial de tv para a FOX), ''Passagem para a Terra-média'' (especial do Sci-Fi Channel) e também uma cópia digital do filme para download.

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4

Continuo gostando da transposição do livro "O Senhor dos Anéis" para o cinema e chego mesmo a achar que seu segundo capítulo, o do meio, portanto, o mais difícil de realizar, porque não tem começo (sem explicações ou resumo) ou fim (a conclusão só saiu em dezembro de 2003). Mesmo o seu título é meio misterioso, dizem que propositadamente (que Torres são essas? Além de lembrar o World Trade Center. Segundo o resumo, seria a Torre Orthanc, em Isengard, onde o mago Saruman treinou seu exército, e Barad-dúr, a Fortaleza de Sauron. Mas o autor Tolkien sempre deixou isso meio nebuloso).

Continuo a não ter lido o livro e me baseio primeiro como espectador comum. Nesse caso, achei o filme mais intenso (há cenas mais fortes e não exatamente violentas), com melhor concepção e direção de arte (gostei particularmente do pântano com os mortos), efeitos especiais mais desenvolvidos e não é especialmente difícil de entender. Em parte, porque na edição fizeram uma recapitulação (há um momento, o único, onde aparece Cate Blanchett, desta vez é visível uma dica para os países onde é costume fazerem um intervalo durante a projeção), e porque o filme tem uma estrutura muito simples. É basicamente feito por três aventuras paralelas, três buscas (quests), portanto é possível segui-lo sem ter que necessariamente saber sua origem, e todas chegam mais ou menos a uma conclusão, ainda que parcial.

No caso, os hobitts Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) capturam o misterioso Gollum (feito por animação digital em cima dos movimentos do ator Andy Serkis) que os leva aos Portões Negros de Mordor. Mas ele é traiçoeiro e claramente esquizofrênico, balançando entre a traição e a lealdade. Frodo desta vez tem menos a fazer, a não ser ficar mais influenciado e zonzo pela influência do anel. Em compensação, a figura de Gollum é um êxito total, superior mesmo ao Yoda e ao Dobby de "Harry Potter", principalmente por ser dúbio e maléfico, ao mesmo tempo em que é triste, trágico e infeliz.

Muita gente reclama que o filme é interrompido antes do final do segundo livro e do ataque da Laracna, a aranha gigante, mas com certeza isso ficou para o próximo, em parte porque este já estava grande, em parte também porque já tivemos aranhas demais em "Harry Potter" e a "Câmara Secreta". Para mim, isso não faz a menor diferença. Mesmo porque não é preciso seguir o livro à risca. Cinema é outra coisa e por isso há acréscimos românticos que acho que ajudam a fita e também atraem o público feminino que em sua maior parte ficou arredio ao original.

Quem domina esta segunda parte é Aragorn (Viggo Mortensen, com seu tipo misterioso e adequado ao personagem) que irá se envolver com Éowyn (a australiana Miranda Otto, outra escolha adequada no elenco), sobrinha do Rei de Rohan, que está enfeitiçado pelo sinistro Gríma Língua de Cobra (feito pelo especialista em terror Brad Dourif). Mas, o romance só complica o triângulo amoroso com a elfa Arwen (Liv Tyler, que aparece mais em momentos românticos), já que esta é imortal (o que torna o romance se não impossível muito improvável). Junto com Aragorn estão ainda o arqueiro-elfo Legolas (Orlando Bloom, que desde a primeira fita está se tornando astro na Inglaterra) e o Anão Gimli (John-Rhys Davies, que está cada vez menos com jeito de anão).

O Reino de Rohan está sitiado e sofrerá um ataque na grande batalha final (que ainda achei impressionante e não longa demais). Quem ressurge, e não estou revelando nada de muito novo, é Ian McKellen que renasce como Gandalf, agora chamado de O Branco, depois de sua luta feroz contra o Balrog. Porém, sua participação nesta fita também é pequena.

A terceira aventura mostra os dois outros hobbitts aprisionados, Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd) que conseguem escapar e se embrenham na Floresta Fangorn, onde se unem a um aliado inesperado, os ents, antigas árvores (e o filme adquire assim uma mensagem ecológica) que estão sendo destruídas. A concepção dessas árvores relembra propositadamente as árvores de "O Mágico de Oz", com certo aspecto infantil. Como os livros de Tolkien tem adeptos fervorosos, desde então fui me informando de que "O Senhor dos Anéis" pode ter também várias interpretações alegóricas, tendo sido visto também como 1) Anti-industrialista - Tolkien era um defensor da vida rural; 2) Católica - Tolkien era católico desde o nascimento, e muitos vêem em Frodo semelhança com a figura de Cristo, e em Sauron, Satã; 3) O Triunfo do Homem Comum - Sam representa o homem comum e ele terá na história uma importância fundamental dado seu pragmatismo; 4) Anti-Nazista - O livro foi escrito durante a Segunda Guerra Mundial e Sauron seria também Hitler; 5) Puberdade - Toda a história pode ser vista como uma metáfora para o rito de passagem da criança para o adulto. A vida bucólica do Condado representa a infância e os hobbits são jogados no cruel mundo dos adultos. As mulheres são representadas como criaturas mágicas e distantes. Traição e desespero são constantes e todos tem uma função, sendo que o Anel seria também a necessidade que todos tem em crescer e amadurecer.

Por outro lado, há uma parte da crítica americana que levantou diversas questões contra o filme, que são basicamente as seguintes: 1) Por que Gollum é tão obviamente esquizofrênico? No livro era mais sutil. Simples de contestar, visualmente mostra-se isso de outra forma. No livro basta uma frase e tudo fica claro; 2) Acham que a apresentação do cavalo Scadufax não justifica seu ar de mistério (tem apenas aspecto de qualquer outro cavalo e acham clichê o contraluz que aparece atrás do animal); 3) As Árvores no livro tem função maior e mais eficiente, bastante modificado; 4) Não gostam da parte romântica em que Gandalf morre e ressuscita por amor. Claro que, coisa de homem reclamando; 5) Frodo versus o monstro voador Nazgul em Gondor que tiraria o elemento de surpresa; 6) Faramir virou mais vilão, o que iria prejudicar o resto de sua história; 7) não gostam dos solilóquios, ou seja, monólogos interiores, o que parece óbvio é para tornar a história mais clara, inclusive preparando para a conclusão do episódio. Ainda assim, como se sabe, haverá depois em DVD uma versão mais longa. A crítica também é duvidosa, já que é preciso resumir fatos e sentimentos para a fita não ultrapassar a metragem exigida pelo estúdio "New Line"; 8) O excesso de efeitos em CGI. O que também acho besteira. Todos me pareceram eficientes e pertinentes, e melhores que o primeiro (que já havia ganhado o Oscar da categoria); 9) Gimli usado apenas como alívio cômico; 10) Restrições à maneira em que a batalha em Helm foi conduzida, a inclusão dos Elfos e coisas assim; 11) A preocupação de que o próximo filme, "O Retorno do Rei", fique com excesso de fatos e informações. Nenhuma dessas restrições invalida o filme, que não é uma decepção (como foi por exemplo o "Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones"). Pelo contrário, eu até gostei mais, fiquei mais envolvido, interessado, saí ainda querendo mais. Vai ver eu também estou ficando viciado na saga do "Senhor dos Anéis", sem ter virado ainda fanático, na certeza de que cinema é uma coisa, livro outra.

E o trabalho que o diretor Peter Jackson conseguiu fazer é no mínimo excepcional. O filme ganhou Oscars de "Edição de Som" e "Efeitos Visuais" (absurdamente não foi indicado para "Maquiagem") e concorreu como "Melhor Filme", "Direção de Arte", "Montagem", "Som".

DVD Duplo. No primeiro disco, traz o filme. E no disco 2, tem legendas em inglês, português, espanhol, o making of feito pela Starz Encore, "No Set de O Senhor dos Anéis As Duas Torres", making Especial da WB, "O Retorno à Terra Média"; curta-metragem dirigido por Sean Astin com os atores e equipe do filme, "The Long and Short of it" e depois o making of desse curta (uma simpática história sobre anão e gigante). Tem ainda informações (lordofherings: "Criando os Sons da Terra-Média", "Edoras: a capital de Rohan", "Criaturas da Terra-Média"; "Gandalf, o Branco"; "Armas e Armaduras", "A Batalha do Abismo de Helm"; "Dando vida a Gollum"), trailers para o cinema e spots de TV; "Gollum's Song", Music Vídeo com Emiliana Torrini; Trailer/prévia do Vídeo Game - "O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei"; Prévia de 12 minutos do making of de "O Retorno do Rei" (com Jackson apresentando na sala de edição), e, curiosamente, uma prévia da edição especial do DVD, com cenas inéditas e versão mais longa do filme, de 222 min. (que saiu nos cinemas brasileiros no fim de 2003).

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