O Sonho Não Acabou (1982)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Estréia na direção de longas de ficção de Sérgio Rezende, em um filme simples e despojado, realizado por equipe jovem, parcialmente rodado em 16mm e que foi um dos primeiros a retratar a perplexidade da juventude brasileira nos anos finais da ditadura militar.

Mas não é um filme político, focando mais nos personagens e seus conflitos. Mesmo assim, o filme teve problemas com a censura, que implicou com as cenas de uso de drogas (ainda mais que muitas envolvem o filho de uma importante, mas não identificada autoridade federal, bem interpretado pelo então estreante Miguel Falabella, vindo do teatro).

Mas também há referências à pobreza das cidades-satélite de Brasília e a luta de classes latente na cidade. Além de Falabella, também estreavam no cinema Chico Diaz e Lauro Corona, então grande astro das novelas e que faria apenas mais um filme antes de morrer de AIDS em 1989.

Também Lucélia Santos estava no auge de sua popularidade e há uma cena que brinca com sua persona da TV. Dá para ver que todo o elenco está empolgado e dedicado, enriquecendo um filme ocasionalmente ingênuo (e onde transparece a inexperiência do diretor), mas que envelheceu bem e se manteve simpático, uma visão afetuosa e otimista do período. Ganhou o prêmio da Crítica e o de Melhor Som no Festival de Gramado de 1982.