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Ficha completa do filme

Drama, Policial

O Terceiro Homem (1949)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
O Terceiro Homem

Votado pelos britânicos como "O melhor filme inglês de todos os tempos, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e do Oscar de fotografia (também foi indicado como melhor direção e montagem).

Muita gente tem a tendência de creditar a qualidade excepcional da fita para Orson Welles, já que ele faz o papel marcante de Lime, mas relatos confirmam que ele teve pouco a ver com a realização. Sua contribuição se reduziu a poucos dias (ele precisava do dinheiro para terminar o seu filme, Othello) e a inventar o diálogo mais famoso do filme (aquele que diz que na seqüência da Roda Gigante: "na Suíça eles tiveram quinhentos anos de democracia e paz. E o que produziram de bom? O relógio cuco?"). Welles também reclamava que o público o reconhecia mais por este filme do que por outros que ele dirigiu. Fora disso, o trabalho se deve mesmo ao grande diretor Sir Carol Reed (1906-1976). Na época, a estrela italiana Alida Valli, estava sob contrato com o produtor David Selznick, que tentava lançá-la como estrela internacional usando apenas seu sobrenome, Valli (eventualmente não daria certo mas ela retornaria à Itália onde até hoje é nome de grande prestígio).

Foi também um enorme sucesso de público a canção-tema que é tocada por um músico de rua chamado Anton Karas, que toca uma espécie de cítara (ele teria sido descoberto num night-club pelo ator Howard) e que deu ao filme um tom muito especial e particular (as duas edições trazem um cine-jornal da época sobre o músico).

A cena final foi totalmente improvisada, embora a famosa cena de perseguições pelos esgotos de Viena tenha sido quase toda feita em estúdio e não na cidade (onde existe uma famosa "polícia dos esgotos!").

A ediçãoamericana traz um cine-jornal sobre esse tema. A brasileira, apesar de anunciar isso na capinha não o traz no menu. Dentre os filmes que melhoraram com a idade, deixe um lugar reservado para este thriller inglês, que não perdeu nem um pouco de seu tom "noir" melancólico e romântico (até mesmo pela narrativa em off do escritor, feito por Cotten - outro vindo de Cidadão Kane), graças à excepcional fotografia em preto e branco (uma das melhores já feitas: há sombras e detalhes nas ruínas da cidade bombardeada que são de tirar o fôlego). Sem esquecer o tema musical diferente de tudo que se tinha ouvido antes. Tudo isso se deve creditar ao diretor Carol Reed, que teve ainda o mérito de controlar Welles, em geral metido a canastrão e grandiloqüente (ele ainda por cima teria feito o filme de má vontade), de utilizar a beleza antológica de Alida Valli (porque ela não virou uma grande estrela internacional é um dos grandes absurdos e exemplos de cegueira de Hollywood). Mas o importante é como ele sabe ir contando ahistória aos poucos, construindo o clima de uma cidade ocupada por poderes no fundo rivais, onde a corrupção é a palavra de ordem e onde a figura de Harry Lime é tão falada, sua entrada tão preparada, que não há como não se impressionar com suas fantasmagóricas idas e vindas.

Um filme que Hitchcock poderia ter assinado, mas que Reed fez ainda com mais humor e menos concessões ao público.

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