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Ficha completa do filme

Aventura

O Tigre de Bengala (1959)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2
O Tigre de Bengala

No fim da vida, com o prestígio restaurado, o diretor alemão Fritz Lang retornou à sua terra natal. Ele havia sido um dos grandes nomes do Expressionismo, com filmes como "Metropolis" (1927), e, embora sendo parcialmente judeu, havia sido convidado pelo próprio Hitler para ser o chefe do cinema nazista, o que o levou a sair da Alemanha e ir trabalhar nos EUA.

Depois de passar anos trabalhando em Hollywood podia ter continuado lá; seus últimos filmes ainda tinham sido sucessos, como "No Silêncio de uma Cidade" ("While The City Sleeps", 1956). Mas Lang queria mudar de gênero e, na Alemanha, aceitou fazer uma superprodução, um filme de aventuras inspirado numa história de sua autora preferida na época do Expressionismo, Thea von Harbou, que, não por coincidência foi sua esposa entre 1922-33, quando ela preferiu o regime nazista e se separaram.

Lang ganhou muito dinheiro para contar essa história cheia de exotismo, passada na velha Índia e com locações reais no próprio país. Em duas partes (essa é a primeira e termina em plena ação, sendo seguida por "O Sepulcro Indiano"), foi muito mal recebido na época e aos poucos acabou ganhando status de obra-prima, especialmente entre a crítica francesa.

É tentador procurar a genialidade do realizador alemão no trabalho, mas o fato é que se trata de uma aventura banal e que não é muito diferente dos filmes das "1001 Noites" com Maria Montez (e pode até ser visto como uma homenagem a esse gênero). Mas ainda assim Lang tinha domínio total da narrativa, câmera sempre elegante e a cenografia é irregular alternando palácios indianos autênticos com decors kitchs.

Atrapalha um pouco o elenco irregular (em especial o herói, o suíço Paul Hubschmid, ou Paul Christian, já que ele chegou a usar também esse nome quando fez filmes americanos) e a insistência em sugerir uma superioridade cultural dos europeus em relação aos indianos. A belíssima americana Debra Paget, por outro lado, está perfeita no papel principal; ela, que tinha fama de discreta e ingênua, faz uma dança extremamente sensual (e que seria superada na segunda parte). O filme foi exibido em São Paulo numa única cópia reduzida com o nome de "O Tigre da Índia", em 1961.

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