Os 39 Degraus (1935)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Ainda na Inglaterra e logo após a primeira versão de "O Homem Que Sabia Demais", Alfred Hitchcock (1899-1980) fez este thriller, já com os elementos que depois seriam suas marcas registradas: o indivíduo comum injustamente acusado de algo e que tem que provar sua inocência, o humor negro e o erotismo levado a cabo por vias tortas.

Baseado em livro famoso de John Buchan, conta as desventuras de um canadense (Robert Donat, de "Adeus Mr Chips") que tem que provar que não matou uma moça envolvida com uma organização de espiões. Na fuga, ele se envolve com outra garota (Madeleine Carroll, a primeira das louras frias de que o diretor gostava), que resiste a acreditar em sua inocência, mas que é levada a fugir com ele quando acabam acidentalmente se algemando!

O então jovem Hitchcock narra toda a mirabolante seqüência de peripécias com sua inerente ironia, ajudado pelos bons diálogos do roteirista Charles Bennett, seu colaborador habitual na época. Também um certo artificialismo que caracterizava o cinema inglês do período funciona bem para o filme, que tem um clima onírico, pouco realista, assim como o final surpresa. Um dos bons filmes do diretor em sua fase inglesa, vale conhecer.

Foi refilmado (inferiormente) na própria Inglaterra em 1959 (estrelado por Kenneth More, onde a explicação para o título era outra) e em 1978 (com Robert Powell). Basicamente um divertissement. Edição traz cópia de qualidade mediana e, como bônus, o primeiro filme importante de Hitchcock (ainda no período mudo), "O Inquilino" ("The Lodger", 1927), com o astro da época Ivor Novello (1893-1951), cujo enredo também gira em torno de um rapaz equivocadamente acusado de ser um serial-killer.