Os Incompreendidos e Antoine e Colette (1959)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 5

Estréia no longa-metragem do até então crítico François Truffaut, famoso pelos textos para a revista "Cahiers du Cinéma", dando início ao movimento da Nouvelle Vague. Vencedor do prêmio de melhor diretor em Cannes, o filme teve várias continuações, nas quais se continuou a contar a vida do menino Antoine Doinel, sempre interpretado por Jean-Pierre Léaud, que virou um alter ego de Truffaut. "Os Incompreendidos" exerceu incrível influência no cinema mundial. Basta lembrar as várias citações à sua seqüência final, terminando com o congelamento da imagem.

A história é extremamente autobiográfica. Como seu personagem, Truffaut não se dava com a família e foi um adolescente marginal, quase delinqüente. O diretor descreveu essa revolta numa época em que não era hábito realizar filmes sob o ponto de vista de pré-adolescentes. Nos episódios seguintes, ficamos sabendo que o cinema será a tábua de salvação de Doinel.

Outra inovação é ter sido todo rodado em locações ou exteriores, com a câmera muito livre e criativa. O filme é dedicado a André Bazin, o crítico de cinema que foi mentor de Truffaut e o tirou da marginalidade.

A edição americana da Criterion Collection é especialmente boa, com cópia digital restaurada e diversos extras.

Em 2003, saíram quase que simultaneamente no Brasil duas edições de distribuidoras diferentes (Continental e Aurora), ambas de origem duvidosa. Agora finalmente sai a edição oficial pela Versátil, que inclui também o episódio "Antoine e Colette", parte do longa "O Amor aos Vinte Anos" (1962), que tinha também episódios dirigidos por Roman Polanski, Andrezj Wajda, Renzo Rossellini, Marcel Ophuls, Shintaro Ishihara. Mostra Antoine Doinel já adolescente e conhecendo seu primeiro amor (feito pela futura estrela Marie France Pisier), enquanto tem suas primeiras experiências de trabalho.