Aventura

Os Irmãos Grimm (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

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Esse filme curioso teve a idéia de usar os famosos irmãos Grimm, escritores de contos infantis (já retratados em "Cinerama", de 1962), como dois vigaristas que viajam pelo interior da Alemanha, encenando falsos exorcismos para extorquirem dinheiro de nobres e ricos. Um dia são chamados para enfrentar um caso real de magia negra, em que garotinhas são seqüestradas para uma história tipo Rapunzel/Bruxa de Branca de Neve (interpretada pela bela Monica Bellucci, que pouco tem a acrescentar).

Enfim, os Grimm deveriam ser aventureiros e matreiros, mas o roteiro é tão mal construído, que eles parecem duas crianças assustadas, sem muita ação ou heroísmo. Matt Damon tem o papel mais ingrato e menos a fazer no filme. O australiano Heath Ledger, indicado ao Oscar por "Brokeback Mountain", ao menos é o desajeitado e sofrido irmão mais novo e compõe um tipo.

Acho que o erro é construir o filme como farsa, como um conto de fadas de humor negro, durante a invasão francesa no que futuramente seria a Alemanha (fica tudo com cara de medieval, embora seja o século 18).

Rodado na República Tcheca, o filme certamente poderia ter um elenco mais ilustre caso não tivesse tido defecções (Johnny Depp, Nicole Kidman, Anthony Hopkins e Robin Williams foram em algum momento cotados). O que mais incomoda no filme é que as alusões às famosas histórias infantis são passageiras e não são especialmente importantes.

"Os Irmãos Grimm" acaba virando uma aventura gótica, com elementos de farsa, em particular aos cuidados de um grotesco oficial francês, interpretado pelo sueco Peter Stormare, sem graça.

Bastante movimentada, com alguns efeitos curiosos e algum clima, o filme não chega a ser o blockbuster planejado (custou US$ 80 milhões, rendeu US$ 35 milhões nos EUA e US$ 100 milhões em todo o mundo). Talvez por não ser exatamente infantil nem precisamente para adultos. No meio termo, será uma diversão eficiente em DVD.