Os Nibelungos (1924)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

Superprodução clássica dirigida por Fritz Lang e roteirizada por sua então esposa Thea Von Harbou, que ficou dois anos em produção. Eles se inspiraram em personagens da mitologia nórdica para compor um painel sinistro das paixões humanas, conduzidas com mão de ferro pelo destino.

Apesar de ter como objetivo declarado ser uma obra autenticamente alemã, servindo como tributo ao gênio da civilização germânica (o filme é dedicado ao povo alemão), os nibelungos mostrados no filme estão longe de serem nobres e heróicos: na verdade são movidos por sentimentos mesquinhos, cruéis e vingativos, e não hesitam em trair e assassinar (com exceção do idealizado Siegfried). Apesar disso (ou por causa de), o filme era muito admirado por Hitler e Goebbels como exemplo do verdadeiro espírito alemão.

Mas independente disso, Lang construiu um espetáculo excepcionalmente belo e impressionante, com cenografia suntuosa, elaborado guarda-roupa (cuja autenticidade ficou a cargo de seu colaborador habitual, o etnógrafo Heinrich Umlauff) e encenação teatralizada e majestosa, de grande impacto. Apesar de longo, nunca se torna cansativo e cativa o tempo todo.

Ajuda bastante o bom elenco, em especial Margarete Schön como a vingativa Kriemhild, numa composição estática quase toda feita através das expressões faciais. Um dos maiores clássicos do período e uma das obras-primas do diretor. Boa cópia em edição com dois DVDs separados, um com a primeira parte, "A Morte de Siegfried" ("Siegfrieds Tod") e outro com a segunda, "A Vingança de Kriemhild" ("Kriemhilds Rache"). Traz restaurada a trilha sonora original de Gottfried Huppertz.