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Ficha completa do filme

Drama

Paradise Now (2005)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3
Paradise Now

Foi o vencedor do Globo de Ouro de Filme Estrangeiro e ficou dentre os finalistas do Oscar da categoria (provocando polêmica porque a Palestina não chega a ser um país reconhecido em todo o mundo). Também ganhou três prêmios paralelos em Berlim e Roteiro do European Film Awards (fora prêmios menores).

Mas parecia evidente que a Academia não iria abraçar um filme palestino que conta a história de dois terroristas suicidas, a versão moderna dos kamizazes japoneses. Embora o filme afirme não apoiar a tese deles, tampouco a condena, nem a aprofunda, deixando a impressão dúbia (na verdade, a experiência ensina que ao contar uma história, você automaticamente glamouriza a situação, humaniza suas figuras e assim provoca imitações).

O filme de Hany Abu-Assad (palestino nascido em Israel e que tem cinco outros longas em sua carreira) é muito seco, austero e mesmo pobre. Limita-se a acompanhar, durante dois dias antes do ataque, dois rapazes palestinos amigos e mecânicos de garagem e que estão dispostos a serem homens-bomba, dois amigos de que se sabe pouco (um deles a gente vê em família e uma moça que encontram).

A não ser que são fanáticos religiosos, já que têm certeza que assim que morrerem, virão dois anjos para recolhê-los e levá-los para o paraíso (daí o título que não traduziram). E mostra-se tudo com frieza, mas também repleto de pequenos detalhes do cotidiano (a câmera que não funciona quando ele grava sua mensagem e assim tem que repetir. O líder do grupo que parece um burocrata).

A maior crítica à ação da dupla vem de uma mulher, Suha, que estava começando um namoro com um deles. Ela nasceu na França e tem certo status porque é filha de um antigo líder. Mas ela não aprova o suicídio, até porque acha que as regras islâmicas proíbem o suicídio (e se alguém se mata, não se qualifica como mártir, portanto não iria para o paraíso como eles querem).

E também acha que o efeito das bombas é criar vítimas inocentes e inspirar um ciclo de violência interminável. Por outro lado, outro momento forte é quando os terroristas comentam que Israel, depois de tanto tempo e tantas ações polêmicas, ainda é considerada vítima. Não senti que o filme tenha conseguido discutir a situação. D

escreve a ação de dois candidatos a terrorista, deixando muita coisa no ar, tudo justificado em nome da religião. Alguns sentiram no filme um clima de suspense, de thriller que não chegou a me afetar. Mas sem dúvida sentimos a paranóia em que vivem todos na região, a possibilidade de traição, as difíceis opções. É o tipo do filme que se presta a debates, sem resoluções fáceis. Aliás, como a própria situação atual da região.

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