Paraíso (2001)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Eu implico com a tradução , porque não apenas "Céu" ? Não tem nada de "Paraíso" no filme, até porque este conceito prevê uma crença anterior. De qualquer forma, Sidney Pollack produziu a fita, que era credenciada por um roteiro do polonês Kieslowski (que morreu antes de poder filmá-lo, a idéia era fazer uma trilogia, Céu, Inferno e Purgatório, mais uma razão para criticar o titulo nacional). O roteiro foi parar nas mãos do alemão Tom Tywker, que ficou famoso com "Corra, Lola, Corra". Mas a fita é inconsistente e absurda. Nem mesmo com Cate Blanchett (que é sempre uma atriz sensível e interessante) dá para convencer.

Passa-se na Itália, em Torino, onde uma professora inglesa coloca uma bomba no escritório do chefe de traficantes de drogas. Mas por acaso, o lixo onde esta a bomba vai parar no elevador panorâmico onde mata quatro pessoas, inclusive duas crianças. Não apenas ficar a favor de uma terrorista é difícil nos tempos que correm - afinal todos tem boas intenções, à maneira deles, isso não justifica nada- como tudo é improvável. Para começar a faxineira jamais desceria pelo elevador panorâmico (o que acaba com a proposta da fita). Depois o amor maluco do tradutor policial (o americano Giovanni Ribisi, se esforçando para falar italiano) é igualmente improvável, rápido demais e inconvincente.

Acho que Kieslowski morreu antes de concluir o roteiro, porque do jeito que está não tem a menor lógica. E continua absurdo e por vezes ridículo quando eles se escondem no sótão da delegacia, depois quando fogem (de repente aparecem num trem sem mostrar como chegaram lá). O final é então ainda mais esquisito, fechando uma situação com um helicóptero que havia sido previsto no prólogo. Ou seja, o final é de cair o queixo de ruim. De sair xingando. Não sei o que acharam por aí, mas não é por ser chato e de arte que um filme se torna bom.