Votado pela Crítica paulista como Melhor Filme do ano e escolhido como Melhor do Festival de Brasília, este novo documentário de Eduardo Coutinho, reconhecido mestre do gênero, foi lançado nos cinemas junto e simultâneo com um filme irmão, "Entreatos", de João Moreira Salles.
Embora os dois compartilhem um elemento claro, ambos são a favor do presidente Lula, particularmente prefiro "Entreatos", que me parece melhor cinema. Ainda que mais manipulado.
Em "Peões", Coutinho sai à procura de pessoas, militantes de esquerda, que eram sindicalistas e empregados em fábricas de São Bernardo, quando das greves de 1980 e 81, que revelaram Lula. Reúne alguns deles e consegue identificar vários, por vezes em Brasília (não fica muito claro a localização) e os vai entrevistando, sempre com sua paciência e cuidado habituais.
E os que falam são sempre partidários fanáticos de Lula (foi tudo gravado antes de eleição), vivem aposentados e sem renegar o passado (será que não encontraram ao menos um que tenha se desiludido?). Muitos deles são interessantes, falam coisas divertidas e sempre se revelam grandes figuras humanas.
Tudo isso é entremeado de trechos de documentários da época, de Renato Tapajós ("Linha de Montagem", 1982), João Batista de Andrade ("Greve") e outros.
Ou seja, deve bastante à fontes alheias que servem de base para o filme. E como em seu filme mais famoso, "Cabra Marcado para Morrer", Coutinho relê a história atualizando-a. Acho porém que ele podia ter ido mais longe, de forma mais crítica e distanciada.