Piratas (1986)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

Polanski levou dez anos para realizar este filme, que teve a honra de abrir o Festival de Cannes de 1986. Matthau substituiu a Jack Nicholson, que se achava jovem demais para o papel. "Piratas" é uma espécie de paródia leve do gênero capa-espada. Polanski o inventou numa época em que Lucas e Spielberg ainda não haviam reabilitado o filme de aventura. Extremamente bem feito, sem excessos de violência e com muito bom humor Matthau tenta (em vão) lembrar a figura de um Wallace Beery como o pirata de uma perna de pau. O filme começa com ele e o jovem "Sapo" (Campion) à deriva, numa jangada, escapando de um naufrágio.

Antes que ele possa recorrer à antropofogia, aparece um galeão espanhol que os recolhe. Naturalmente daí em diante haverá tudo o que se espera do gênero: um nobre espanhol ambicioso e vilão, uma mocinha bonita e indefesa (a estreante Charlotte Lewis), um motim a bordo por causa de um rato etc.

É claro que Polanski também aproveita para fazer citações de filmes antigos (inclusive a cena da revolta de "Encouraçado Potemkin" e a morte de "Ivan, O Terrível") sem jamais perder a mão. O público não chega a torcer como numa fita de Spielberg, mas ri muito e se diverte bastante. Surpreendentemente foi um fracasso de bilheteria nos Estados Unidos, mas na Europa o filme rendeu bem. Embora a capinha diga ser Standard, é em Widescreen.