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Ficha completa do filme

Drama, Policial

Plata Quemada (2000)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
Plata Quemada

Depois de "Nove Rainhas", o cinema argentino acertou novamente com este "Plata Quemada" (que preferiram não traduzir, mantendo o nome original), que todo mundo descreveu como um "Bonnie & Clyde gay". Obviamente uma simplificação e um rótulo mas que não deixa de ser verdade.

O importante porém é que o filme é também um grande tango (e não há música que cria maior clima e maior intensidade dramática) e também uma versão latina e moderna de um "film noir" (não apenas no estilo de narrativa, mas principalmente em sua temática trágica e policial, até mesmo com uma mulher traída e traidora). Também um dos filmes de maior impacto que assisti recentemente, uma tremenda porrada (por isso mesmo, um filme que dificilmente irá sair do circuito de arte e atingir maiores públicos). E nova confirmação do talento do diretor Marcelo Piñeyro, um nome já consagrado em festivais no exterior.

Não gosto de saber muito sobre os filmes antes de assisti-los, por isso fiquei mais surpreso quando fiquei sabendo, nos letreiros finais, de que se tratava de uma história real, passada em 1965 (a fita é meio atemporal, não insiste em detalhes de época e só da metade em diante que fica claro, principalmente por causa de uma cena de twist na praia).

Mas que só aumenta a força da narrativa. Basicamente se conta a história de dois marginais (no começo principalmentea voz off do narrador, certamente inspirado no livro original tem uma sonoridade quase poética) que se conheceram numa transa de banheiro público e acabaram ficando juntos, chamados de "os gêmeos". Convocados para um assalto a um carro pagador, acabam se envolvendo uma enrascada (um deles é o espanhol Edoardo Noriega, das fitas de Alejandro Amenábar) quando um é ferido e eles têm que fugir apressadamente de Buenos Aires, levando o dinheiro roubado e se escondendo num apartamento de Montevidéu, junto com outro marginal (depois de uma certa animosidade acabam ficando amigos) e o chefão do grupo.

Fica claro também que Noriega é meio maluquinho, ouve vozes na cabeça, tem grande fervor religioso (evita relações porque não quer perder seu sêmen). E o grupo em fuga, vai se deteriorando, se envolvendo em confusões, até uma conclusão que é inevitavelmente trágica (embora não se imagine que explodisse num grande tiroteio que provoca justamente a semelhança com Bonnie & Clyde). Até gostaria de entrar em mais detalhes mas não é recomendável.

O filme tem muita nudez, sem ser exatamente chocante. O que me impressiona é a força e sensibilidade com que é conduzido, interpretado e dirigido. Nunca se tem, como em muitos filmes brasileiros, aquela sensação de mal feito, mal acabado. É sempre visualmente impecável, dramaticamente inovador, sempre muito forte. Ganhou o prêmio de melhor filme do ano da crítica Argentina, o Goya de melhor filme estrangeiro na Espanha, fotografia e som em Havana, melhor filme no USA Gay Festival.

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