Por Amor (2008)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 27/07/2009

Nota: 2

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Lançado diretamente em DVD nos EUA, este drama independente é uma triste sorte para Michelle Pfeiffer. Se o filme tem um defeito é não tê-la como ponto focal narrativo. Mesmo porque mulher é sempre bem mais interessante do que homem, mais conflitado, mais sensível. Decisão errada, que atrapalha um filme que já começa com duas tragédias e conclui com uma terceira. Ou seja, é tão pesado e amargo que mal serve para um romance ou choro passageiro e catártico.

Mas se é difícil, não dá para dizer que é ruim. O diretor estreante Hollander tem um olhar particular. Narra tudo de maneira obliqua, diferente, com muitos closes e planos estilizados. Aston é um rapaz de 24 anos, que pratica luta livre em Iowa e voltou para casa para ajudar a mãe (a grande Kathy Bates, a melhor do elenco) a cuidar da neta, já que a irmã foi brutalmente estuprada e assassinada. Agora, o possível assassino esta sendo julgado. Mas ele é um tipo tão travado, tão difícil de se expressar que não consegue falar e, por isso, é solitário e triste.

Michelle é uma viúva que tem um filho adolescente, deficiente auditivo, não ouve e não fala. Ele esta traumatizado pela morte do pai, que foi assassinado a tiros por um amigo, que agora está sendo julgado num tribunal. Os dois se conhecem ao freqüentar um grupo que ajuda familiares com problemas depois de mortes brutais. Aos poucos, se aproximam com Aston querendo ajudar o garoto fazendo com que ele entre para o grupo de lutadores e Michelle chamando-o para sair (ela produz casamentos para o centro comunitário). E acabam tendo um romance.

Apesar da diferença de idade, não há grandes problemas. A mãe dele aceita, o rapaz deficiente gosta também. Por isso, não espere nada por esse lado. Os conflitos virão do fato de a justiça por vezes ser cega. As coisas se precipitam de uma forma discutível e que nem sempre podem agradar.

O problema maior, no entanto, é outro. Enquanto Michelle não tem muito a fazer se não chorar ocasionalmente, Aston fora de seu gênero não consegue segurar o personagem. Ensaia uma forma de andar, tenta aumentar seu porte para parecer lutador, acerta na cena de comédia, mas quando tem um grande momento dramático é constrangedor, vira um canastrão irremediável. Derruba o filme. Ou quase. É uma pena mas este é daqueles filmes ate curiosos que parecem condenados ao fracasso.