UOL Entretenimento Cinema

Ficha completa do filme

Drama, Erótico

Presença de Anita (2002)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Presença de Anita

Não tinha visto a minissérie, nem por um instante, nas duas vezes que passou na Globo. E claro que só podia ter feito sucesso, nunca vi tanta gente pelada num programa feito para a tevê, muito mais mesmo que nos filmes atuais. Sem grosseria é verdade mas muita nudez, farta, sensual. Não é por acaso que a menina Mel Lisboa virou estrela. Conheço bem o livro original de Mário Donato, (já houve um filme no começo dos anos 50 na Maristela, mas era ingênuo e fugiu do conteúdo do livro - que era escandaloso na época).

Palmas para Manoel Carlos que foi brilhante. Ele pegou alguns detalhes, personagens até secundários e expandiu numa história original que tinha a ver com seu próprio universo sem deixar de fazer alusões ao de Donato. A personagem de Anita é brilhantemente construída. É verdade, fiquei arrasado com os primeiros capítulos (Mel só com o passar do tempo entra na personagem e acerta o tom), que tem coisas irritantes e forçadas. Dali em diante, mais ou menos quando começa o romance do casal, a história pega pé, transcorre de forma intensa e conclui da maneira correta.

Estranho e admiro muito a coragem de fazerem um protagonista tão desagradável, tão mau caráter, irritante, chato mesmo como Nando (não confunda com o ator José Mayer que tem a coragem de não falseá-lo). É regra básica de qualquer roteiro ter um protagonista de que o público goste, se identifique, torça por ele. Manoel fez o oposto, ele é um canalha irremediável, até Nelson Rodriguiano. Nada de happy-end, nem mesmo nos dá a satisfação de fazer a cigana ler a sorte (só a presença da figura dela já deu o que ele precisa, a mão do destino agindo de forma implacável).

Nem tudo é perfeito. A ediçãodo DVD de vez em quando dá uns freezes (congelamentos fora de hora), há falhas de áudio (acho que na própria captação) e visto de uma sentada só o uso excessivo do mesmo tema musical chega a ser irritante (mesmo sendo a amada Maysa e seu sublime "Ne me Quitte Pas"). Mas o trabalho da direção de Ricardo Waddington e todo o elenco, com destaque para Helena Ranaldi, é de primeira linha. Tem gente que achava que brasileiro fazia melhor cinemado que televisão, mito que felizmente está sendo derrubado com filmes recentes. Melhor ainda: ainda continuam fazendo excelente televisão. E viva o DVD que me permitiu descobrir esse momento mais sensual da tevê brasileira e confirmar o merecimento de Manoel Carlos, grande noveleiro e autor.

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