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Ficha completa do filme

Comédia

Quanto Mais Quente Melhor (1959)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 5
Quanto Mais Quente Melhor

Votado pelo American Film Institute, como "A melhor comédia americana de todos os tempos". Mas ganhou somente o Oscar de Figurino (embora tenha sido indicado como Roteiro, Diretor, Fotografia, Ator -Lemmon e Direção de Arte).

Foi rodado em branco e preto porque não deu certo a maquiagem que aplicaram na dupla de atores (que ficavam ridículos). Os problemas maiores foram com Marilyn, que estava na época casada com o dramaturgo Arthur Miller (ela estaria grávida e perdeu o bebê por causa das quedas na areia onde tropeça nos pés de Curtis). Sempre atrasada, com depressão, com dificuldade de guardar os textos (há uma cena em que ela com Curtis no telefone fica visível que está lendo o texto num quadro negro). A repetição de muitas cenas até ela acertar provocou irritação nos colegas (Curtis chegou a dizer que preferia beijar Hitler) mas nada disso se vê nas telas, onde Marilyn está no auge de sua sedução.

Wilder originalmente queria Frank Sinatra no papel de Lemmon. Ele conseguiu que o veterano astro George Raft tivesse uma participação como Spats Columbo, parodiando a si mesmo num gesto com a moeda que ele fez no clássico "Scarface". Na fita ele é morto pelo filho de um antigo rival nos filmes dos anos trinta, Edward Robinson Jr (que não fez carreira). Foi Raft quem deu lições de tango parao comediante Joe E. Brown na cena com Lemmon.

A famosa cena final foi escrita na véspera da filmagem, porque Marilyn estava mais uma vez ausente por causa de doença. O filme que é uma refilmagem de uma comédia alemã dos anos trinta, chegou a inspirar um musical na Broadway, de relativo sucesso, "Sugar" (em 1972), de Bob Merrill e Jules Styne, dirigido por Gower Champion, com Robert Morse, Tony Roberts e Elaine Joyce. "Ninguém é Perfeito": este é o final mais famoso do cinema, ao menos o mais atrevido, amoral e oportuno já visto numa comédia.

Não estamos estragando o prazer de ninguém porque todo mundo ao menos já ouviu falar nesta comédia clássica que beira à perfeição. Aproveitando uma velha história, o novo roteiro traz os heróis como músicos, o saxofonista mulherengo (Tony Curtis nunca esteve melhor, em particular quando imita Cary Grant na cena do iate) e um violoncelista ingênuo (Lemmon, no primeiro do que seria uma série de fitas que faria com o diretor Wilder, de quem se tornaria ator preferido e amigo).

A fita custa um pouco para começar até quando eles testemunham ummassacre, tem que fugir, se vestem de mulheres e vão para a Florida Depoisde vários minutos, Marilyn Monroe faz uma entrada de estrela (na chegada na estação, o trem saltou um vapor assustando-a), fazendo o papel de Sugar Kane (Cana de Açúcar literalmente). Embora ela pudesse estar um pouco gordinha pelos padrões atuais, nunca esteve mais sensual com seu jeito inocente (a cena no trem em que divide seu leito) ou cantando de forma mais agradável (Marilyn canta com sua própria voz). A tal ponto que chega a ser difícil acreditar nos problemas que causou nas filmagens, porque o "timing" das cenas é impecável (inclusive quando resolve seduzir o milionário que sediz impotente.

Mas certamente é Jack Lemmon que está excepcional (o tango com Joe E Brown, conhecido no Brasil como o "Boca Larga" , um comediante que andava esquecido e foi resgatado por Wilder, e depois ele tocando as maracas no quarto são obras-primas de farsa). Sem dúvida, uma das grandes comédias do cinema, se não a maior.

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