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Ficha completa do filme

Animação

Ratatouille (2006)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4

A Disney tem uma bela tradição gastronômica em seus desenhos animados. Talvez o momento mais inesquecível para as crianças seja o do romance entre "A Dama e o Vagabundo" (The Lady and the Tramp, 1955), quando os tímidos apaixonados compartilham um spaghetti com almôndegas à moda italiana que os leva até um inesperado beijo (ao som da canção "Bella Notte", de Peggy Lee). Mas houve também o chefe de cozinha de "A Pequena Sereia" (The Little Mermaid, 1989) que tenta preparar peixes (com a canção "Les Poissons", de Alan Menken e Howard Ashmam). E em "A Bela e a Fera" (The Beauty and the Beast, 1991) o grande clímax ocorre quando o staff da mansão oferece um banquete chamando a heroína a ser "a convidada" em "Be Our Guest" (também de Menken e Ashman, só que encenada como se fosse um grande número de dança dos anos 30 coreografado por Busby Berkeley).

Mas nunca investiram numa história deste porte, que dá uma visão inesperada e completa do que é uma cozinha, como funciona, quais são seus heróis e vilões, problemas e achados. Um mundo fascinante, do qual o herói sonha em participar. "Ratatouille" é o primeiro filme de animação a ter a culinária como tema central. Certamente uma contribuição da inovadora Pixar (que se fundiu à Disney depois de ter revolucionado a animação), que chamou para dirigi-lo Brad Bird (que veio do êxito de "Os Incríveis") associado a Jan Pinkawa (que é conhecido por ter ganho o Oscar de curta de animação pelo ótimo filme "Geri´s Game"). O interessante é tentar unir dois mundos até agora opostos: o dos restaurantes cinco estrelas com o de um rato (notem bem, não os fofinhos camundongos), que, por isso, se comporta, como diz a expressão, como um peixe fora d'água. É o sonho impossível, ou quase, que todos nós temos dentro da gente. Ou seja, no fundo todos somos Remy.

Este foi o filme mais polêmico da Pixar, a começar pelo título, que é impronunciável para grande parte da platéia (a ponto de vir junto com a pronúncia fonética), nem tanto crianças, mas norte-americanos em geral, reticentes com palavras estrangeiras (tanto que o filme foi melhor no exterior!). Ratatouille é o nome de uma comida francesa parecida com um guisado feito pelas mães do interior.

A parte técnica da Pixar cada vez vai ficando mais esplendorosa, brilhante. Acredito que este é o filme de animação mais bonito que eu já vi, com incríveis detalhes e requintes. Mas é longo, um pouco arrastado, não chega a ser tão engraçado assim. Identifiquei-me particularmente com a figura do crítico de culinária (atenção mais velhos: o diretor se baseou na figura do ator francês Louis Jouvet, que tinha aquele tipo sinistro). Depois de pintar como vilão, é ele que tem a honra de dar a moral da história: não é que todos podem cozinhar, mas, se houver talento, não importa sua origem; não é preciso fazer cursos ou ser metido a fino usando o nome de chef. Pode ser mesmo um rato! Resisti bastante, mas me rendi ao filme nos dez minutos finais, que são eletrizantes e muito simpáticos. Não percam (principalmente adultos).

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