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Ficha completa do filme

Terror

Serpentes a Bordo (2006)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 2

Um caso curioso, que deve servir de estudo em faculdades de Marketing. Por causa de seu título ridículo e trash, o filme começou a ser cultuado pela Internet, principalmente nos EUA, num grande número de blogs e equivalentes, que criaram o maior rebuliço e deram a impressão de que o filme iria estourar. Tornou-o um fenômeno mesmo antes de estrear. Acontece que no fim de semana de abertura não teve mais de 15 milhões de renda, e foi caindo dali em diante.

O que levou a várias conclusões: 1) blogueiro não deve ir ao cinema e não coloca o dinheiro onde está sua voz; 2) o filme pode não ter agradado e tido fraco boca a boca; 3) sendo terror e explícito, com cenas de gore grosseiras e desnecessárias, o filme atingiu apenas uma faixa de público, rapazes adolescentes, que são notoriamente infiéis e inconsistentes (segundo as pesquisas).

Ou seja, foi um fracasso e um tiro na água. Ainda assim, acaba sendo um filme para ser conferido, mas só por mim, que tenho obrigação de analisá-lo. E que ainda por cima, confesso que tenho um fraco por filmes sobre aviões em perigo, num estilo "Aeroporto". O que provocou um certo suspense e boa vontade, mesmo quando o roteiro se esforçava em ser o mais inverossímil e absurdo possível.

É preciso esquecer o realismo ou a lógica para poder acreditar no filme, que traz jibóia com dentes e milhares de cobras criadas por efeitos digitais (o que as torna muito falsas, andando em velocidade exagerada e agindo de forma absurda). Dá a impressão de que teve uma conferência de roteiristas onde eles jogaram idéias de como uma cobra poderia atacar um humano: mordendo no olho, atacando um casal que fuma maconha e transa num banheiro do avião, entrando pelo vestido de uma velha bêbada, e o mais notório, atacando o pênis de um passageiro que foi urinar.

Isso já dá o tom do filme que não tem a menor sutileza (além de Jackson falar um palavrão forte, xingando as cobras, tem outra piadinha boa, dizendo que as cobras estão sob o domínio do Crack, já que foi colocado um excitante no ar condicionado para elas ficarem mais agressivas).

De qualquer forma, é bom dar um resumo. Num começo absurdo no Havaí, um surfista testemunha a morte de um promotor público da Califórnia nas mãos de um super-criminoso oriental. Em vez de ficar quieto, o tonto sai fugindo de moto e portanto se torna alvo dos bandidos. Surge Jackson, agente do FBI que tenta proteger a testemunha, levando-a para Los Angeles na primeira classe de um avião noturno, não muito cheio.

Só que o plano dos bandidos é soltar um grande número de cobras de raças diferentes, de todo mundo (aliás, informa o filme, no Havaí não há cobras nativas. Para ver que trash também pode ser cultura). E que vão atacar os passageiros com fúria inaudita e incansável. Os sobreviventes vão para uma parte do avião onde continuam a lutar contra elas, mas surgem também as que irão matar o capitão e morder o co-piloto.

Enquanto isso, Jackson começa a flertar com a aeromoça Margulies e vão apelando para soluções completamente absurdas, como dar um tiro a bordo e colocar um amador guiando o avião. Espero não estar contando demais, mas a fita não é para ser levada a sério, nem fazer sentido.

É mal dirigida, com elenco fraco e realmente não chega a ser tão desfrutável quanto se podia imaginar. Mas confirma o medo universal de cobras e certamente renderia um divertido sketch cômico no "Casseta e Planeta" ou "Saturday Night Live".

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