Shaft (2000)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Ficaram com a impressão de que o original "Shaft" (1971) era uma grande fita policial, mas é engano. Ela só ficou famosa por causa da trilha musical de Isaac Hayes e o tema musical que acabou ganhando um Oscar de canção. Suas duas continuações foram lastimáveis (assim como uma série de tevê inspirada nele, todos estrelados por Richard Roundtree). A refilmagem feita pelo prestigioso diretor John Singleton (que concorreu ao Oscar por Boyz´n the Hood / Os Donos da Rua) não é muito melhor, não ultrapassa o nível de um telefilme (inclusive nos seus letreiros de apresentação típicos das séries e mesmo no recurso de edição há cortes como na tevê).

Tem um lado moral altamente discutível: pelo fato de ser negro, o herói se permite bater nos outros e fazer justiça pelas próprias mãos, agindo como vigilante fora e acima da lei. O Shaft original tinha uma importância histórica porque foi o primeiro herói negro. A fita tem o selo de aprovação dos criadores originais porque o diretor do primeiro filme, Gordon Parks, faz uma ponta num restaurante onde acontece a festa de aniversário (aparece sentado com Singleton e Samuel L. Jackson lhe aperta a mão) e o Shaft original (Roundtree) faz uma participação bem discreta durante o filme (ele seria o tio, ainda detetive particular - o protagonista aqui seria o sobrinho que resolveu ser policial). Se a trilha musical continua onipresente e ainda funcionando bem, o mesmo não se pode dizer do resto. O elenco feminino (a cantora Vanessa Williams de policial e enfeiada, Toni Collette de "O Sexto Sentido" como uma testemunha chave que tem que se esconder) não tem nada de importante a fazer.

As cenas de ação são banais e puro clichê, mas o pior é a trama que é muito fraca e é uma caracterização estranha para Samuel L Jackson, um excelente ator no papel errado: Com uma capa à la Matrix e um cavanhaque, tudo para torná-lo "cool". Pena que isso não suceda nesta fita ao mesmo tempo agressiva e medíocre, violenta e banal. Na conclusão, deixam a porta aberta para uma continuação, que não é provável que aconteça.