Sobrou para Você (2000)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Se ainda restava alguma dúvida de que Madonna não é boa atriz, esta fita acabou de resolver. Seu primeiro trabalho desde "Evita" e sua primeira gravidez, o filme confirma que ela tem um personalidade fria e apática na tela. Ao contrário de seus eficientes clipes, quando faz um personagem ela fica neutra e distante (fenômeno parecido tem ocorrido também com Whitney Houston). Até antipática.

Para piorar o filme é outro que vende gato por lebre, o trailer e o marketing fingem ser uma divertida comédia quando de fato esta mais perto do drama. Na verdade, quase melodrama. Parecia uma boa idéia aproveitar a amizade na vida real de Madonna com o assumidamente gay (na vida real) Rupert Everett, para se contar uma história de um casal de amigos que acidentalmente transam e ela engravida. Decidem ter o filho e criá-lo juntos. Mas obviamente acabam por disputá-lo, quando surge um novo consorte para Madonna (na figura do latino e exótico Benjamin Bratt, ex-companheiro de Julia Roberts).

Se o filme começa promissor, politicamente correto (com o grupo de amigos incluindo um casal gay onde um parceiro morre de Aids), se perde completamente quando Rupert vai se tornando cada vez mais celibatário, mais chato, menos engraçado. Parece que as interferências de Madonna no roteiro, dando palpites e sugestões acabaram por destruir os lances que poderiam ser curiosos ou bem sacados. Basta ver qualquer Sitcom da Sony, como "Wille Grace", para se aprender a como fazer uma comédia divertida lidando com o tema com o devido e saudável desrespeito.

Acabou sobrando foi para nós que temos que supor uma fita frustrada, mediocremente realizada (mesmo que tenha sido pelo ganhador do Oscar John Schlesinger), onde nem mesmo o casal demonstra qualquer empatia.