Cayatte (1909-89) era advogado de formação e percebia o cinema como um meio de abordar questões sociais importantes. Acabou ficando famoso como O Advogado do Cinema, com uma carreira (primeiro como roteirista, depois dirigindo) de filmes polêmicos sobre temas jurídicos, que tiveram grande repercussão na época, mas estão esquecidos hoje.
É o caso desse drama violentamente crítico, que questiona o sistema jurídico e a pena de morte (na época aplicada na França ainda através da guilhotina), o direito da sociedade decidir quem pode matar e quem deve morrer. Cayatte evita a demagogia (junto ao rapaz há inocentes, mas também estupradores e assassinos de crianças) e convida o público a pensar e refletir.
Como acontece com todo filme de tese, porém, há momentos panfletários e discursivos que desequilibram o conjunto, e alguns detalhes ficaram caricatos e até ingênuos. Mas as cores fortes com que o corredor da morte é apresentado ainda causam forte impressão e o filme sobrevive como amostra do poder do cinema como transformador do pensamento.
O menino Georges Poudjouly (1940-2000), que teria uma carreira fraca, mas que inclui alguns clássicos ("E Deus Criou A Mulher", "Brinquedo Proibido"), tem atuação marcante, em especial na seqüência final. Ganhou prêmio especial do Júri no Festival de Cannes. Cópia bastante boa.