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Ficha completa do filme

Comédia

Sonho de uma Noite de Verão (1935)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4
Sonho de uma Noite de Verão

Suntuosa versão da Warner para a famosa comédia de Shakespeare, uma fantasia romântica que mistura os humanos com os seres mágicos dos bosques em torno da idéia de que o amor é cego, mutável e por natureza volúvel. Reflete também um mundo utópico sem ideologias, o que era importante naquela época. Um projeto ambicioso a cargo do revolucionário diretor de teatro vienense Max Reinhardt (1873-1943), responsável pela concepção geral, mas cuja escassa familiaridade com o cinema (fez antes três filmes em 1913/14) levou o estúdio a escalar um co-diretor, seu discípulo, outro grande estilista europeu, o alemão William Dieterle (1893-1972). A Warner resolveu produzir o filme depois do sucesso da versão teatral apresentada ao ar livre no Hollywood Bowl. Produção de alto custo e que por isso foi fracasso de bilheteria. Traz elenco A do estúdio (incluindo a estreante Olívia) e combina romance, música (de Mendelssohn, adaptada por Erick Korngold em um de seus primeiros trabalhos em Hollywood), excelentes efeitos especiais e excepcionais direção de arte e fotografia de Hal Mohr (premiada com o Oscar, embora ele não tivesse sido indicado!), cujo deslumbrante visual briga com estáticas e teatrais seqüências de diálogos shakesperianos que nem sempre funcionam. Cagney está descontrolado e excessivo como Bottom, na trama paralela característica de Shakespeare e que o público moderno tende a estranhar, com humor popular e até vulgar (grupo de trabalhadores broncos que resolve montar uma peça para apresentar ao duque de Atenas). Em compensação, Mickey Rooney aos 14 anos dá um show como o travesso Puck (mesmo tendo quebrado a perna no meio das filmagens e sendo carregado pelo cenário em várias cenas por auxiliares ocultos!). Ainda impressiona pelo resultado técnico, que lhe valeria ainda o Oscar de montagem (e indicações para melhor filme e assistente de direção). Esta edição em DVD traz a versão original mais longa, lançada na época em roadshow, com ouverture, música de intervalo e encerramento, com restauração imperfeita, mas ainda bastante boa. Infelizmente a distribuidora foi desleixada no lançamento brasileiro, traduzindo muito mal os diálogos, estragando a beleza e as rimas do texto original e simplesmente não legendando a bela coleção de extras. Além disso, nos EUA, saiu no mesmo box também "Othelo" (1965), com Laurence Olivier, e o "Hamlet" (1996) completo de Kenneth Branagh.

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