Sweeney Todd, o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

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Este filme é uma versão de um famoso musical da Broadway que se tornou tão consagrado que, ultimamente, tem sido apresentado em teatros de ópera, como convém ao prestígio de seu autor, Stephen Sondheim, considerado um dos maiores compositores de sua geração.

A constância de uma cantoria interminável explica o fracasso do filme e o fato de não ter tido as esperadas indicações principais ao Oscar. Além disso, não é um musical comum, sua originalidade se deve ao teor sanguinolento.

Embora o público americano tenha até uma relação mais simples com cadáveres, membros decepados e sangue jorrando - até pela tradição de festas como "Halloween" - o filme pode causar estranheza e até repulsa por aqui. Para piorar, a trilha musical não é das mais simples e assoviáveis.

Apesar de tais restrições e de ainda ser difícil mergulhar no projeto, é preciso convir que o trabalho de Tim Burton é um dos melhores de sua carreira. Utilizando muitos efeitos computadorizados, ele conseguiu um notável resultado na cor; na direção de arte esplêndida do italiano Dante Ferretti, dos filmes de Scorsese, Fellini e que merecidamente ganhou o Oscar da categoria; e belos figurinos de Collen Atwood ("Memórias de uma Gueixa" e "Chicago"), também indicada ao Oscar.

Johnny Depp continua a gostar de tipos bizarros e chega mesmo a convencer como cantor e teve nova indicação ao Oscar pelo filme. Helena, mulher do diretor, não compromete, mas não passa a loucura e delírio do personagem num elenco que tem até Sacha Baron (o Borat) fazendo o rival do barbeiro que logo é despachado. Estão especialmente fracos o menino que irrita com sua voz e a dupla romântica melosa e sem graça.

É bom relembrar que é inspirado em fatos reais. Teria realmente existido Benjamin Barker, um barbeiro britânico que trabalhava na Fleet Street, no centro de Londres, depois famosa por seus jornais. Baker, por ter uma mulher bonita, foi perseguido por um juiz corrupto (no longa, o sempre ótimo vilão Alan Rickman), que o condenou à prisão injustamente.

O filme começa a partir de sua saída da prisão e seu retorno a Londres com outro nome, o fictício Sweeney. É ajudado pela solitária Mrs Lovett, que dirige uma não muito higiênica casa de tortas. Participando de um concurso de rua com outro barbeiro, ele acaba adotando uma técnica. Mata seus fregueses e o corpo deles é jogado diretamente para o porão onde sua parceira aproveitará a carne para rechear suas tortas de carne, que logo farão muito sucesso. O final nos reservará ainda algumas surpresas à moda Charles Dickens.

Embora tenha ficado fascinado com a maneira que o filme é narrado e perceber como Burton evoluiu como cineasta e chega a merecer ser mais reconhecido pela Academia, nunca fui admirador da trilha e não consegui superar a estranheza pelo resultado. Ou seja, não é para todo mundo. Nem mesmo para os fãs de musicais antigos.