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Ficha completa do filme

Drama

Syriana - A Indústria do Petróleo (2005)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 3

Este foi de todos os filmes indicados ao Oscar de 2006, certamente o mais ousado politicamente e também o mais complexo. De difícil compreensão e leitura, "Syriana" deu o Oscar de coadjuvante para George Clooney, que foi também o produtor e merecia mais como diretor de "Boa Noite e Boa Sorte". Foi indicado também como roteiro original, embora o diretor Gaghan tenha crédito como adaptação,a Academia achou que era tão diferente que seria um original).
Como o filme não explica seu titulo fui obrigado a procurar na badalada enciclopédia Wikipedia. Segundo ele, a palavra referente à política, é usada tanto para se referir à Síria (como em Pax Syriana), mas em outros contextos é um rotulo hipotético para referir-se a países do Oriente Médio que tem semelhança com a Síria. Ou seja, nesta estréia na direção do roteirista Gaghan (que ganhou Oscar por Traffic), ele foi optar logo por revelar os bastidores das companhias petrolíferas americanas que agem nos países do Oriente Médio. Eles jogam na cara da gente verdades incômodas (quando o petróleo acabar, o que não demora muito, os paises da região voltarão à pobreza total, já que nada foi feito por eles por seus regentes, que construíram palácios mas deixaram o povo na situação de sempre). Mas também afirmam que a culpa não é só deles, mas principalmente das companhias americanas que só pensam no lucro e são capazes de tudo, inclusive assassinato para conseguirem seus intentos (embora não se mencione diretamente, aí está a invasão do Iraque sob falso pretexto que não nos deixa mentir).
Por ser um filme tortuoso, o espectador comum poderá rejeitá-lo. Mas há ao menos um momento fantástico que se tornará coisa de antologia. É quando Tim Blake Nelson como Danny Dalton faz um discurso, um elogio à corrupção. Vamos transcrevê-lo na íntegra: "Corrupção? Corrupção é a nossa proteção. Corrupção nos mantém a salvo e aquecidos! Corrupção é a razão pela qual você e eu estamos viajando o mundo em vez de ficarmos brigando nas ruas por um pedaço de carne. Corrupção é porque nós vencemos!" Isso já resume mais ou menos o teor da denúncia. A história é contada em tramas paralelas como em "Traffic", tentando unificar as intrigas na industria do petróleo. Clooney engordou vinte quilos para o papel (e por isso fico doente das costas) de um agente da CIA, veterano e desiludido, que está realizando uma nova missão.Damon faz um jovem executivo que faz amizade com o filho do rei local, que poderia ser o herdeiro legítimo enquanto tem que lidar também com uma tragédia pessoal. Um advogado de empresas (Jeffrey Wright), tem um dilema moral quando participa da fusão de duas grandes companhias. E um adolescente paquistanês (Mazhar Munir) cai na engrenagem do clero fanático, que o leva a se tornar terrorista. Cada um deles terá seu impacto no todo explosivo. Não gostaria de explicar muito dos detalhes da trama, até porque o filme é mais para sentir o tom geral, do que descer a pormenores. O importante é perceber que nesse jogo não há mocinhos e bandidos, todos tem as mãos sujas. Há muitas vítimas, como sempre o povo, os sem dinheiro, os sem informação, basicamente nós que pouco podemos interferir. Ao menos, procura-se revelar os bastidores, as motivações, o amoralismo geral.

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