Tônica Dominante (2000)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

Veja antes o making of que vai lhe ajudar muito a entender e curtir melhor este filme de estréia de Lina (filha de Mário Chamie). A fita começou a ser rodada em 1996, mas foi interrompida quando o ator principal sofreu um acidente de bicicleta e entrou em coma. Só pôde ser retomado e concluído três anos depois, quando Fernando (filho de Ziraldo) se recuperou (com a ajuda da música, que no filme é importante também). Mas, com Carlos Gregório no lugar de Rodrigo Santiago no papel do professor (este faleceu nesse meio tempo, porém há um único plano dele na fita, dedicada ao mesmo).

O filme é muito particular e sensível, um pouco lento e não para todos os públicos. Como explica Lina, na entrevista, é feito em três tempos (como numa sonata) e com cores respectivas, correspondentes ao estado emocional e aos eventos que estão ocorrendo. Na primeira parte (quando o herói está introspectivo, frágil, solitário e triste, a cor é azul), depois quando vem a paixão, o desespero, ela se torna vermelha, e, ao final, encontra a luz, a plenitude, torna-se amarela, dourada). A proposta dela é a de que o filme evoluísse do escuro para o claro.

Ele se inicia com uma fábula da mitologia grega sobre a eloqüência e o poder da arte, sobre o processo de encontrar a vida por meio da música (tanto Zimmerman quanto Holtz tocaram seus instrumentos de verdade, ainda que dublados). A diretora explica o título dizendo que a Tônica e a Dominante são os dois principais acordes na Música Ocidental, os quais geram movimento e tensão. Dominante é quando você se afasta de sua tonalidade principal. Também é a maneira do filme que é construído, não apostando na palavra, mas gerando "tônicas dominantes". Na emoção com a música. Algo similar a ouvir música através de imagens sofisticadas.

O fato é que sem essas explicações da diretora, você não vai entender a proposta e é capaz até de se aborrecer com o resultado. Mas depois disso, o filme ganha bastante, graças a sua impecável fotografia e eficiente montagem. Mas, fica sempre a sensação de que entre intenção e realização algo se perdeu.