Trama Macabra (1976)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 2

A "Coleção Hitchcock" da Universal no Brasil foi dividida em duas caixas (sem numeração, mas quem comprar a caixa ganha como brinde uma edição sem capinha, mas ainda especial de "Um Corpo que Cai", que já havia saído na época em que a Universal era distribuída pela Columbia no Brasil, ou seja, fora da "Primeira Coleção").

As capinhas também são diferentes das americanas. Complicado? Sim, mas a vantagem é que a Universal legenda tudo em português e seus extras são sempre excelentes, seus making ofs, assinados por Laurent Bouzereau, são os únicos que tem senso de humor e visão crítica (e todos para a série Hitchcock são de ótima qualidade). No caso, traz storyboards, dois trailers, galeria de arte, o chamado Bastidores, com legendas em inglês, espanhol ou cantonês (no meu caso não consegui colocar as legendas, o DVD não aceitou meu comando).

Começa o making of com o próprio Hitchcock numa de suas apresentações da série de tevê e depois vem "Conspirando com "Trama Macabra". Este foi o último filme do "Mestre do Suspense", quando já estava doente (só filmava das nove da manhã às cinco da tarde), usando um elenco de segunda linha (ele não queria pagar grandes salários para atores famosos), e sem o mesmo controle de outras fitas (até pela idade, a doença da mulher que era uma figura importante nos bastidores).

Ainda assim, depois de cinco dias mandou embora o ator Roy Thinnes e o substituiu por Devane, mas Roy ainda aparece em alguns planos gerais. Mas um Hitch inferior, que mistura um pouco de humor negro fora de hora, é sempre melhor do que um cineasta banal (além disso tem roteiro do grande Ernest Lehman, de "Intriga Internacional" e "West Side Story"). Fizeram questão de não se passar em nenhum lugar determinado (todos os nomes e placas tem que ser meio vagas), utilizar ainda a velha tela de projeção de fundo (back projection), que parece falsa na cena do carro desgovernado e rodar o máximo do tempo em estúdio.

Foi sua única trilha feita com o hoje célebre John Williams (que também dá depoimento interessante). Sua ponta desta vez é uma silhueta num escritório de Estatísticas Vitais.