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Ficha completa do filme

Drama, Romance

Um Lugar ao Sol (1951)

Márcio Ferrari

Márcio Ferrari

Colaboração para o UOL 02/04/2010
Nota: 3
Um Lugar ao Sol

''Um Lugar ao Sol'' foi feito para se tornar um clássico e se tornou. Os estúdios Paramount atrasaram seu lançamento para que tivesse mais chances de ganhar o Oscar de melhor filme. Perdeu para o musical ''Sinfonia em Paris'', mas ganhou outros seis, entre eles o de melhor diretor para George Stevens e o de melhor roteiro.

O filme é estrelado por Elizabeth Taylor (em seu primeiro papel adulto) e Montgomery Clift, que um crítico sério, Andrew Sarris, chamou de ''o mais belo casal da história do cinema''. O auge romântico é um dos beijos mais famosos do cinema, visto num plano muito próximo em que as bocas não são mostradas. Até hoje é uma cena de impacto.

Trata-se de uma refilmagem, baseada no romance ''Uma Tragédia Americana'', de Theodore Dreiser, por sua vez inspirado num crime ocorrido nos primeiros anos do século 20. Como a primeira versão, de 1931, tinha ido mal nas bilheterias, a Paramount não queria bancar a produção. Stevens, que era contratado dos estúdios, processou os patrões para conseguir realizá-la. Assim como o livro, que se pretendia um retrato naturalista do lado escuro da mobilidade social norte-americana, o filme também tinha grandes ambições, apesar de uma história muito simples.

O personagem central, George Eastman (Clift), jovem interiorano sem muito estudo, procura emprego na fábrica do tio milionário e se destaca pela vitalidade, vislumbrando um futuro próspero. Em pouco tempo, ele se vê ao mesmo tempo namorando uma colega operária, Al (Shelley Winters), e uma jovem da alta sociedade, Angela (Taylor). O namoro com Al é secreto, até porque fere as normas da fábrica, mas uma gravidez põe George contra a parede. Ele então decide cometer um crime para que as coisas fiquem como quer.

Tudo é filmado com grande ênfase, embora sem muita coerência (nos extras do DVD ficamos sabendo que Stevens rodava cada cena em numerosos ângulos diferentes). O ambiente dos ricos é de uma superficialidade tão divertida quanto previsível. As duas mulheres são retratadas em extremos. Elizabeth Taylor é etérea, elegante, parcimoniosa. Shelley Winters é carnal, irritante e disponível. E o julgamento no final não tem interesse, já começa com o resultado pronto.

O filme de Stevens envelheceu, em suas intenções mais ''nobres'', tanto quanto o romance de Dreiser. Sua superfície, no entanto, ainda é uma beleza (fotografia e figurinos também ganharam o Oscar). O DVD traz, além do trailer original, um documentário curto e de boa qualidade sobre o diretor e uma coleção de oito depoimentos de outros cineastas (como Frank Capra, Joseph L. Mankiewicz e Fred Zinneman) que trabalharam com ele.

Capra é quem vai ao ponto: ''Odiei vê-lo abandonar as comédias pelas outras coisas que ele faz mais tarde, as coisas mais sérias. Eram boas, mas eram sérias.'' Entre as grandes comédias que Stevens dirigiu na primeira metade da carreira estão ''A Mulher que Soube Amar'' (''Alice Adams'', 1935), ''A Mulher do Dia'' (''Woman of the Year'', 1942), ''E a Vida Continua'' (''The Talk of the Town'', 1942) e ''Original Pecado'' (''The More the Merrier'', 1943). Vale a pena ir atrás.

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