Romance

Uma Garota Dividida em Dois (2007)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

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Cada vez mais, Claude Chabrol, veterano criador do movimento da Nouvelle Vague e realizador de cerca de 70 filmes até agora, realiza um trabalho com a participação de sua família. O filho Mathieu fez a trilha musical; outro filho, Thomas, aparece como ator; e a esposa Aurore assina como supervisora do roteiro.

Chabrol continua também um gourmet, neste filme repleto de citações a refeições e bebidas. Foi ele que coescreveu com Cécile Maistre esta história que não é muito original. Lembra a diversos outros filmes, como "Lola Montés" de Max Ophuls e "O Escândalo do Século", com Joan Collins e Ray Milland, inspirado em fato real parecido. Mas quando a gente pensa que acabou, ele continua revitalizando e reinventando o clichê.

Este é o primeiro filme de Chabrol com a jovem Ludivine Seigner (de "Molière"), que interpreta a garota do tempo na televisão local de Lyon. Por razões que só ela entende, se apaixona perdidamente por um homem mais velho, um escritor local famoso mas que é casado e inconseqüente (pena que François Bérleand seja um ator fraco). Ao mesmo tempo ela é cortejada por um rapaz mimado, com passado comprometedor, mas que é filho de uma família muito rica (Benoit Magimel, carregando demais na caracterização e quase caindo na caricatura).

Ela se casa com um deles, mas o espectador está certo de que é uma idéia errada e que tudo terminará mal. Só que há ainda uma conclusão que salva o filme, banhando-o de ironia e mesmo ternura. Se não chega a ser dos melhores trabalhos do diretor, não desmerece sua honrosa carreira. Foi exibido em Veneza e ganhou lá premio secundário da critica.