Van Gogh (1991)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema 10/08/2009

Nota: 1

Penúltimo filme do diretor francês Pialat (1905-2003), vencedor da Palma de Ouro em Cannes por "Sob o Sol de Satã". Ele teve todo apoio da Gaumont, através do produtor Daniel Toscan du Plantier, para fazer uma trabalho longo e pessoal, dando sua visão da vida do pintor Van Gogh . Fracasso em Cannes onde concorreu, chegou a dar um estranho premio César de ator para o cantor Jacques Dutronc que é o protagonista (também foi indicado como foto, figurino, diretor, filme, cenografia, som, coadjuvantes, roteiro e revelações.

Mas não dá para esconder as falhas do filme, começando com o intérprete magricela e apático, um roteiro que não facilita em nada o espectador, com excesso de conversa mole e figuras pouco interessantes. Não mostra nem mesmo cenas famosas de sua vida (pula por Gauguin, sua estadia em sanatório, a questão de ter cortado a orelha ainda que tenha um interlúdio em Paris onde participa de festa e encontra Toulouse- Lautrec) e um mínimo de obras do artista (talvez por causa de direitos autorais).

A narrativa fria pode aborrecer o espectador casual e não procura sintetizar a obra do artista (nesse caso é muito melhor "Sede de Viver" de Minnelli com Kirk Douglas ou mesmo o filme de Robert Altman, "Vincent e Theo"). É apenas o relato naturalista de parte da vida do artista, mas não é fiel à história. Não há, por exemplo, problemas em inventar o romance com a filha do médico, marcar o autor como bipolar, enquanto adota uma estética próxima das biografias feitas por Rossellini. Edição traz um documentário em branco e preto do mesmo diretor sobre Van Gogh (65), com uma narrativa excessivamente literária.