+ Velozes + Furiosos (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 3

O primeiro não era grande coisa mas tinha efeitos digitais aplicados a uma história de rachas e perseguições de carro, mostrados deuma maneira até então inédita, além da revelação do estranho Van Diesel como astro (não deve ter acertado o salário porque está ausente aqui).

Mas era um péssimo exemplo, incentivando o excesso de velocidade, a falta de respeito no trânsito e promovendo as máquinas envenenadas e o amoralismo. O segundo é bem mais tolinho, parecendo mais um episódio de uma série de TV, tipo "Os Gatões" (que é citado nominalmente nos diálogos). E bem mais endereçado às minorias, negras ou latino-americanas, tanto pela escolha de elenco (com o fortão Tyrese e a latina Eva Mendes - uma Jennifer Lopez dos pobres), quanto pela escolha do diretor (no caso, John Singleton que nos bons tempos fez "Boyz n'the Hood" mas depois errou com uma versão sem graça de "Shaft").

As primeiras cenas são um sonho molhado de adolescentede 16 anos, com mulheres de shortinhos e peitos grandes, máquinas rosnando, clima de festa nas ruas, tudo como preparação para um racha onde na última hora será chamado o herói, Brian (o loirinho Paul Walker, o Troy Donahue domomento, ou seja o galã aguado, bonitinho e inexpressivo da hora). Só que essa primeira disputa será toda mostrada do lado de dentro.

A gente observa as mudanças de marcha, os olhares, os detalhes, mas nunca tem uma visão muito clara do que está se passando ou com quem. É mero pretexto para o rapaz ser preso e vir a explicação. Nenhum dos personagens ou situações são desenvolvidos - nem o conflito entre Brian e Roman (eles voltam a ser amigos, sem ter havido um episódio para justificar o ato), ou o orelacionamento amoroso do herói com a latina - um desfilar de clichês e lugares comuns, entremeado por ocasionais perseguições de carro,nenhuma delas muito memorável.

Já que não se interessa pelos personagens ou pelo drama (quase não há suspense), não há por quem torcer. O filme não chegua a ser desagradável - tem uma seqüência particularmente ruim e malfeita, onde o vilão ameaça um policial gordo com um rato num balde e a moça segurando a boca do outro (já ouviram falar em lenços?). É patética, pobre e ridícula, além de gratuita. Na verdade, nem mesmo a fotogênica cidade de Miami chega a estar em forma Mas agora, no DVD em casa, fica mais aceitável.