Documentário

Vinicius (2005)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 4

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Bonita e caprichada edição especial em 2 DVDs, do documentário que fez inesperado sucesso de publico nos cinemas.

Quase ao mesmo tempo que "Que Coisa Mais Linda", o documentário sobre Bossa nova de Paulo Thiago, chegou este outro filme sobre o mesmo tema, ou quase: uma biografia de Vinicius de Moraes autorizada e patrocinada pelos muitos herdeiros (ele teve muitas mulheres e filhos). Mesmo abençoado pela família, o trabalho não esconde seus pecadilhos (Tonia Carrero, divertidíssima, faz revelações).

O filme, porém, faz questão de colocar dois apresentadores/atores fazendo as honras da casa e recitando poemas. Caio Blat anda com um tipo um pouco sinistro, mas nada contra ele. Pior mesmo é a intensa Camila Morgado, que diz tudo como se fosse Shakespeare, chegando a derrubar alguns dos melhores poemas de Vinicius.

Antes de tudo, o filme tem o mérito de resgatar o ultimo grande poeta popular de qualidade que o Brasil teve. Não são inesquecíveis apenas suas letras para a Bossa Nova e sua parceria com Toquinho. Seus poemas são uma perfeição de forma, sem pretensão e ao alcance de todos (não se menciona o fato de ter sido critico de cinema e da passagem como diplomata em Hollywood).

Composto por depoimentos da família e de famosos, o filme é um pouco longo (há um grande numero de canções por interpretes contemporâneos, nem todos especialmente notáveis ou marcantes). Apesar desses defeitos, é impossível não gostar de Vinicius, até mesmo de suas fraquezas confessas (bebia demais, adorava mulheres). Há um filme antigo em que ele aparece conversando com a filha, já meio bebum. Depois há uma cena de notável ternura, quando ela passa a mão na cabeça dele adormecido. É essa ternura que permeia todo o filme (no final, fique atento quando à anedota contada por Chico e Toquinho).