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Ficha completa do filme

Drama

Vôo United 93 (2006)

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema
Nota: 4

Quando se assistia pela televisão a tragédia de 11 de setembro, já se previa os filmes que certamente Hollywood faria sobre o assunto. E se imaginava que o melhor deles certamente seria o que iria contar a história do quarto avião seqüestrado, aquele que deveria ir para o Capitólio mas que caiu antes, no que se revelou ser um gesto heróico dos passageiros que reagiram e tomaram o controle do avião.

Afinal, era uma história que tinha tudo: coragem, heroísmo, emoção, tragédia, suspense. Mesmo assim, era difícil imaginar um resultado tão bom quanto este "Vôo United 93", um filme simplesmente sensacional. Graças ao trabalho rigoroso do diretor e roteirista inglês Paul Greengrass (o mesmo do ótimo "Domingo Sangrento", premiado em Berlim, e "A Supremacia Bourne").

Embora já tenha sido precedido por um telefilme lançado diretamente em DVD chamado "Vôo 93" ("Flight 93", de Peter Markle, 2006, também com atores desconhecidos) e tenha tido bilheteria moderada nos EUA (onde ainda não absorveram bem os fatos), o filme é um brilhante exercício em semi-documentário.

Não apenas há grande parte de atores amadores e verdadeiros personagens interpretando a si mesmos (como todos os operadores e controladores de vôo, inclusive o chefe em Newark e também os militares) como todos os outros, que fazem passageiros e tripulantes são desconhecidos e escolhidos por sua semelhança física com as vítimas. E não há uma única interpretação falsa ou falha.

Cerca de 40 membros das famílias cooperaram, dando detalhes de roupa (algumas emprestadas), que tipo de bala comeriam etc e tal. Baseado em todos os fatos disponíveis (já que praticamente todos os passageiros tiveram chance de usar o telefone para ligar para suas famílias e relataram tudo que estava sucedendo), o filme, em parte improvisado, usando câmeras portáteis, começa devagar relatando a preparação dos terroristas e dos passageiros, mas também o comportamento atônito dos controladores de vôo, que não entendem aquele novo tipo de seqüestro.

E tem uma denúncia clara: o governo foi pego de surpresa e pecou pela ineficiência, já que nada podia ser feito sem a palavra do presidente Bush, que estava sumido. Ou seja, se fosse algo mais grave ainda, o resultado teria sido pior. E o governo ausente.

Mas o que o filme pretende contar é uma história de heroísmo e bravura, mas sem discursos, sem bandeiras, com os heróis relutantes e chorosos, na certeza que a chance de morrerem era grande mas não tendo outra escolha. É um filme extremamente tenso e empolgante, até porque exala verdade e emoção.

Sem dúvida, um dos grandes filmes do ano. Não perca. Foi indicado aos Oscars de Melhor Direção e Montagem, levando esses mesmos prêmios no BAFTA.

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