X-Men 2 (2003)

Rubens Ewald Filho

Especial para o UOL Cinema

Nota: 5

É curioso como os quadrinhos e o cinema são próximos. Deve ser porque os dois têm muito a ver como narrativa, linguagem e não apenas com filmes de sucesso. Um fã de quadrinhos comentou comigo: "Está vendo, para dar certo basta seguir a história original, sem inventar muito que tudo funciona". Deixo as discussões para os especialistas.

O que posso confirmar é que "X-Men 2" é realmente maior e melhor do que o primeiro. E olha que o anterior já era bom. Ou seja, este é um baita elogio. Basta ser bom. É claro que como leigo por vezes tive algum problema de seguir a história, porque há excesso de personagens e cometi o erro de não rever o primeiro filme alguns dias antes.

Então de vez em quando é bem capaz de você parar e perguntar para a pessoa ao lado: "quem é esse mesmo? De que lado está?". Mas nada que me pareça muito grave ou invalide o competente trabalho do mesmo diretor Bryan Singer (que realmente pareceu determinado a se superar, até porque o original foi sucesso mas não um estouro, talvez porque tivesse que apresentar os personagens e torná-los críveis).

Como nesse meio tempo, o ator australiano Hugh Jackman virou astro (e símbolo sexual) parece lógico que o personagem que ele faz, o Wolverine, seja o protagonista da aventura (ainda que o personagem por vezes pudesse ser mais inteligente e ativo). Na verdade, o maior prejudicado é o rival dele pelo amor de Jean Grey, o coitado do Ciclope, James Marsden, que aparece muito pouco.

Mas a história é muito bem amarrada, dando finalmente ação para alguns personagens como Tempestade (outra que virou estrela, Halle Berry) que tem a oportunidade de provocar algumas de suas especialidades.

Gosto particularmente do fato de que o filme tem uma mensagem positiva ainda mais clara. Ou seja, é uma fita comercial, mas que traz uma mensagem muito clara contra o preconceito racial ou sexual. Isto é, discriminar alguém por ser diferente. É uma tecla repisada na história. Imaginem um blockbuster com uma mensagem, que coisa mais rara.

No caso, continua o problema com o governo americano que está perseguindo os mutantes, apesar de seu numero crescente. Os humanos tem medo deles (chega ao ponto de um irmão denunciar o outro à policia lembrando coisa de filme de nazistas). E o presidente americano fica ainda mais apavorado quando é atacado por uma figura misteriosa e aparentemente invencível que é o Nightcrawler (Noturno), feito pelo inglês Alan Cumming, com sotaque alemão, aspecto soturno (coberto de tatuagens) e crença muito religiosa.

Aliás, o filme começa mostrando Noturno atacando a Casa Branca, e assim facilitando a ação de um militar sem escrúpulos, extremamente ambicioso (feito pelo excelente Brian Cox) que consegue a ordem de invadir e atacar a escola do Professor Xavier para crianças superdotadas (ainda que sem poder matá-las). O que o vilão pretende porém é chegar ao lugar onde o Professor controla tudo (ao mesmo tempo o temível Magneto, consegue escapar de sua prisão, com a ajuda de sua cúmplice Mística, Rebecca Romijn-Stamos). Está armado o conflito com Magneto e Xavier, por vezes, agindo juntos, no que será uma guerra cheia de surpresas e reviravoltas.

Na verdade, o filme não tem muito o que explicar ou discutir. Os efeitos especiais são de primeira linha, os personagens são mais desenvolvidos e, ao que parece, mais fiéis aos quadrinhos (o destino de Pyro por exemplo deve ser melhor explicado num próximo capítulo). É verdade que a reviravolta mais discutível, que é uma morte (muitos pensam, será que não poderia ter sido evitada, pela ação de outros como por exemplo o Homem de Gelo?), terá sua razão de ser futuramente (outra vez, os quadrinhos explicarão os fatos vindouros).

Para quem não sabe, só se pode falar após assistir ao filme. Teve gente que achou o filme violento. Mas a mim só incomodou uma coisa: quando Xavier está sendo pressionado para destruir todos os Mutantes que ficariam afetados, será que isso também não mexeria com quem está fazendo a pressão? Ou com o próprio Xavier? Mas, não me parece nada grave.

Muito bem conduzido, o elenco me pareceu sem falhas, exuberante, eficiente. "X-Men 2" estabeleceu um padrão pelo qual todos os filmes seguintes da temporada de 2003 serão julgados e é muito alto. Grande diversão.

Foi lançado em duas edições, uma simples, trazendo apenas comentários em áudio auxiliar de Bryan Singer, John Ottman e Tom Sigel, e outra com faixa de comentários com Lauren Shuler Donner, Ralph Winter, Michael Dougherty, Dan Harris e David Hayter (sem legendas).

A edição especial em disco duplo traz além dos mesmos comentários em áudio da edição simples (não- legendados), "História dos X-Men": "A Origem Secreta dos X-Men" e "O Renascimento de Noturno"; "Pré-Produção": sequência multiângulo e "O Ataque de Noturno" (quatro ângulos diferentes); dois featurettes, evolução dos detalhes, o Desenho de "X-Men 2", todas as cores de X; "Produção": seis documentários ("O Ensaio da Luta de Wolverine e Lady Lethal", "A Segunda Fantástica Edição de X-Men, a produção de "X-Men 2", "A Apresentação do Incrível Noturno!", "Ensaio do dublê de Noturno", "O Lapso de Tempo de Noturno", "FX 2 Efeitos Visuais"); "Pós- Produção" - dois featurettes: "Requiem para os Mutantes - A Trilha Sonora de X-Men 2", "Destaques de X-Men 2 na Internet Mundial"; 11 cenas excluídas (que podem ser vistas individualmente ou em seqüência, com a opção "assistir tudo"): cena estendida da luta de Wolverine e de Lady Letal; "Wolverine mata o Invasor"; "Mística invade os arquivos de Stryker"; "Noturno e o Salvamento dos Alunos"; "Jean e Tempestade no X-JET"; "Jubileu no Museu"; "Pyro Acende a Fogueira"; "Uma das Crianças fica doente"; "Vampira ajuda as crianças a fugir"; "Professsor Xavier e Ciclope fogem"; "Chegada à Escola Deserta". "Galerias": oito galerias de fotos (com páginas de instruções traduzidas), Galeria Gráfica, Museu, Desenho de Produção, Personagens, Gráficos, Noturno, Galeria de Gus Dyas e Arte Publicitária; e ainda três Trailers. Tudo legendado em português.