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06/09/2010 - 14h15

Casey Affleck e Vincent Gallo dividem os holofotes com polêmicas em Veneza

NEUSA BARBOSA
Do Cineweb, em Veneza
  • Casey Affleck participa do Festival de Veneza com ''I'm Still Here'', documentário sobre a mudança de Joaquin Phoenix, que deixou a carreira promissora de ator para se tornar rapper (6/09/2010)

    Casey Affleck participa do Festival de Veneza com ''I'm Still Here'', documentário sobre a mudança de Joaquin Phoenix, que deixou a carreira promissora de ator para se tornar rapper (6/09/2010)

A segunda-feira em Veneza foi cheia de filmes midiáticos – caso do (falso) documentário "I’m Still Here", do diretor estreante Casey Affleck, e de uma dose dupla de Vincent Gallo, num filme como ator ("Essential Killing", do polonês Jerzy Skolimowski) e em outro, como ator e diretor ("Promises Written in Water").

  • A carreira de Joaquin Phoenix como rapper é tema de "I'm Still Here"

Fora da competição, "I’m Still Here" - que teve uma primeira sessão, na manhã de hoje, na menor sala daqui, a Pasinetti, com menos de 100 lugares -, causou curiosidade por retratar as atividades do ator Joaquin Phoenix. Ele supostamente está afastado do cinema desde 2008, quando atuou em "Amantes" e agora estaria se dedicando à música.

Por sequências do próprio filme - como a presença de uma câmera perto de Phoenix quando ele anuncia seu ‘afastamento’ do cinema -, jornalistas levantaram a suspeita de que se trataria de uma ‘fraude’, ou um golpe de marketing, na coletiva de imprensa desta manhã. Na ocaisião estava presente apenas o diretor Casey Affleck, que obviamente negou: "Fiz este trabalho com a autorização e o comprometimento total de Joaquin", disse Affleck, que é cunhado do (ex?) ator.

A suspeita de um golpe promocional aumentou ainda mais quando circulou, na coletiva, a informação (confirmada por Affleck) de que Phoenix estava em Veneza, mas não quis vir à coletiva.

Duas vezes Gallo

Outro que ganhou os holofotes hoje foi o ator e diretor Vincent Gallo, que também não participou da coletiva do filme, concorrente ao Leão de Ouro, "Essential Killing", de Jerzy Skolimowski. Segundo o produtor Jeremy Thomas, Gallo "não participa de coletivas nem de sessões de tapete vermelho".

O diretor insinuou que Gallo, que interpreta um soldado afegão em fuga de tropas americanas, pode ser um pouco difícil no trato. Foi do ator a sugestão, que Skolimowski achou "brilhante", de não ter uma única fala no filme. Mas no set ele também assumiu essa atitude. "Vincent quase torturou a si mesmo, deixando de falar com as pessoas, de ter vida social, para entrar no papel. Ele não falava com ninguém. Acho que é o mais diplomático que consigo ser para comentar isso", contou o diretor, irônico.

Também causou perplexidade o filme dirigido por Gallo que está em competição, "Promises Written in Water". Filmado em preto-e-branco, com textura extremamente granulada, conta uma história fragmentada, de um homem (Gallo) que se envolve com uma jovem que vai morrer logo (Delfine Bafort). Insinua-se que o homem teve um passado de matador profissional, o que lhe deu uma boa condição financeira, mas continua com fixação na morte - a ponto de procurar o emprego de assistente de realização de funerais.

O público presente à primeira sessão do filme, que mesclou jornalistas e representantes da indústria cinematográfica nesta tarde, riu nos diversos momentos em que Gallo repete ostensivamente as mesmas falas. Ficaram dúvidas se isso foi proposital, para incomodar a plateia, ou se a história mesma remete a uma filmagem. Enfim, "Promises Written in Water" vai dar o que falar, fazendo o papel de "filme polêmico", que todo festival gosta de ter.

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