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27/08/2008 - 10h26

Irmãos Coen voltam a fazer rir com "Queime Depois de Ler"

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL, de Veneza
O 65o Festival de Veneza começou com as risadas de "Queime Depois de Ler", dos irmãos Joel e Ethan Coen. Os cineastas deixaram de lado a violência de "Onde os Fracos não têm vez", ganhador do Oscar, para realizar uma comédia de espionagem que usa o humor negro e conta com personagens apatetados - entre os protagonistas estão George Clooney, Brad Pitt e Tilda Swinton, todos presentes no Lido.

AFP
Os irmãos Ethan e Joel Coen criaram os personagens pensando no elenco
Reuters
Brad Pitt e George Clooney defendem que apesar da leveza, roteiro não permitia improvisações
IMAGENS DE "QUEIME DEPOIS DE LER"
ASSISTA AO TRAILER
CLOONEY E PITT COMO IDIOTAS
FOTOS DE VENEZA DO DIA 27/8
"Começamos este projeto pensando em que tipos de papéis esses atores poderiam fazer, porque queríamos trabalhar com eles", disse Ethan.

Dispensado do trabalho, Osbourne Cox (John Malkovich) resolve escrever suas memórias. Alguns de seus dados vão parar nas mãos de dois funcionários de uma academia de ginástica, Linda Litzke (Frances McDormand), desesperada por fazer plásticas que, espera, vão mudar sua vida, e Chad Feldheimer (Brad Pitt), um professor com menos de dois neurônios funcionando. A mulher de Osbourne, Katie (Tilda Swinton), tem um caso com um funcionário do Departamento do Tesouro, Harry Pfarrer (George Clooney), igualmente tolo. Agentes da CIA e investigadores particulares aumentam ainda mais a confusão.

"É um pouco preocupante saber que vocês escreveram esses papéis pensando em nós. É esse o tipo de imagem que vocês têm de nós?", disse Clooney. Brad Pitt tinha cara de poucos amigos, mas fez graça, dizendo que pensou um pouco antes de aceitar o papel: "Eu não tinha certeza se deveria ficar lisonjeado ou me sentir insultado".

A coletiva de imprensa, no entanto, foi marcada pelo constrangimento. Uma jornalista espanhola, de camiseta e shorts, ofereceu-se para entrar no "time" de Brad Pitt, que, claro, não escapou das perguntas sobre seus gêmeos recém-nascidos e sobre a vontade de ter mais filhos. Clooney, por sua vez, precisou responder novamente se não sente vontade de seguir o exemplo de Pitt. "Na verdade, vou me casar e ter filhos hoje...", disse.

Mas apareceram algumas boas perguntas sobre o filme. Clooney negou que haja alguma mensagem política por trás do longa-metragem, apesar de "Queime Depois de Ler" fazer rir ao mostrar uma CIA confusa, sem direção e atrapalhada. "Queria ter uma resposta mais inteligente. A verdade é que eles mandaram um roteiro de que gostei e queria trabalhar com eles de novo, mas não pensei no fato de ser espião", disse ele, que interpretou um agente em "Syriana". "Não havia intenção política neste filme. Só achamos que era engraçado." Como ele nunca perde uma piada, ainda disse: "O filme é um grito pela paz".

O ator, conhecido por expressar suas opiniões políticas, negou ter mais vontade de estar na convenção dos Democratas em Denver, Colorado, do que em Veneza. "Estou feliz de estar aqui, é um dos meus lugares favoritos no mundo. Eu nunca fui a uma convenção. As estrelas de uma convenção deveriam ser os políticos. Mas estou otimista e esperançoso sobre a política americana."

Os integrantes do elenco disseram que não há muito espaço para improvisação num filme dos Coen. "Tenho certeza de que parece improviso, mas realmente é um roteiro muito engraçado", disse Pitt. Clooney concordou: "Não há como improvisar isso, você tem que fazer do jeito que está escrito. Não temos essa habilidade, não conseguimos".

Apesar de sua aparente leveza, o roteiro de "Queime Depois de Ler" é complexo por causa de suas situações absurdas e trama intrincada, com os personagens enrolados uns nos outros. Com o filme de abertura do festival, os irmãos Coen mostram que estão mesmo em ótima fase.

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