O 65o Festival de Veneza já tem sua primeira bomba: "Inju, La Bête dans L'Ombre", de Barbet Schroeder, nascido no Irã e radicado na França. Parcialmente baseado num livro de Edogawa Rampo, o longa é uma mal-amarrada tentativa de filme noir passado no Japão.
Benoît Magimel interpreta Alex Fayard, um escritor de romances policiais muito elogiado, com estilo próximo ao de seu ídolo, o japonês Shundei Oe. O autor é um tipo misterioso que nunca apareceu publicamente. A história da rivalidade entre dois escritores, que estava no livro original e que daria um bom filme, vira uma trama sem pé nem cabeça na qual se misturam uma suposta homenagem ao cinema e gueixas.
Alex vai ao Japão promover seu último livro e lá passa a ser ameaçado por Oe. Ao mesmo tempo, ele se envolve com uma gueixa, vivida por Lika Minamoto, que se diz perseguida por um antigo amigo. Cafona, com cenas mal construídas, "Inju" recebeu as primeiras vaias dos jornalistas entre os filmes da competição.
Na coletiva de imprensa, houve pouca participação. A maior parte das perguntas foi feita pela mediadora do debate. Schroeder, diretor de "O Reverso da Fortuna" e "O Advogado do Terror", entre outros, contou sobre as filmagens no Japão: "Foi uma experiência inesquecível. Gosto de aceitar esse tipo de desafio. E quis ter uma equipe japonesa e fazer um filme como os japoneses fazem".
Segundo ele, foi preciso fazer alguns ajustes. "Precisamos de ter intérpretes e tivemos barreiras de linguagem e barreiras culturais também". Fora isso, foi difícil filmar no país. "Não conseguimos autorização para rodar em vários lugares porque isso pode atrapalhar as pessoas. No Japão, você precisa respeitar os outros. Em outros países, você vai e roda e pronto. No fim das contas, aprendemos como respeitar os outros."