Ao contrário do último Festival de Cannes, que claramente privilegiou os filmes de temática política, este 65o Festival de Veneza parece apostar nos pequenos dramas em sua competição. Foi assim com o alemão "Jerichow", de Christian Petzold, que abriu a disputa, e também com "The Burning Plain", de Guillermo Arriaga. Na manhã deste sábado 30, foi a vez do primeiro candidato italiano ao Leão de Ouro, "Un Giorno Perfetto" (Um dia perfeito), de Ferzan Özpetek.

A trama começa com a polícia batendo num apartamento após o chamado de uma vizinha que ouviu barulhos parecidos com o de tiros. A partir daí, o filme retorna para contar como foram as 24 horas antes daquele telefonema. A protagonista é Emma (Isabella Ferrari), que se separou recentemente de Antonio (Valerio Mastrandea), ficando com seus dois filhos, Valentina (Nicole Murgia) e Kevin (o adorável Gabriele Paolino). Os relacionamentos, muitas vezes violentos, entre mulheres e homens, entre pais e filhos, são o principal tema.

"Un Giorno Perfetto" confronta os personagens de hoje com quem eles eram no passado - e que, de alguma forma, eles já não são mais. E também as relações desgastadas pelo tempo, pelas dificuldades e por essas mudanças são colocadas cara-a-cara com o seu início, sempre promissor, sempre bonito. O longa do diretor de "A Janela da Frente", porém, abusa tanto da música melodramática e não se aprofunda de verdade nas emoções, motivações e personalidades de seus personagens. Na primeira sessão de imprensa, na manhã do sábado, o longa recebeu tímidos aplausos.