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31/08/2008 - 15h38

Animação de Hayao Miyazaki é adorável, mas parece deslocada na competição

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL, de Veneza
É fofo, adorável, uma graça a nova animação de Hayao Miyazaki ("Viagem de Chihiro"), exibida na noite do sábado (29) para os jornalistas no Festival de Veneza. O encantamento se refletiu na lembrança contínua da musiquinha do final e na coletiva de imprensa absolutamente lotada, no domingo 30.

Mas não dá para parar de pensar: era para "Gake no ue no Ponyo" (Ponyo no Penhasco à Beira do Mar) estar na competição de um festival como o de Veneza? Provavelmente, não. Primeiro, porque o filme nem se compara a outros, bem mais sofisticados, do mesmo diretor, como "Viagem de Chihiro".

O próprio Miyazaki admitiu que este é um desenho para crianças pequenas. "Muitas pessoas da minha equipe tiveram filhos recentemente e, vendo essas crianças crescerem, pensei num filme para elas", afirmou.

Ponyo é uma peixinha vermelha que vive num reino encantado no fundo do mar. À beira do oceano, mora Susuke, um garoto de 5 anos, com sua mãe Lisa. O pai sempre está longe, num navio em alto-mar.

Um dia, Ponyo (na verdade, seu nome original é Brunhilde, referência a "O Anel dos Nibelungos", de Richard Wagner) foge de casa e chama a atenção do pequeno Susuke, que a adota. A peixinha transforma-se em uma menininha para ficar para sempre ao lado de seu Susuke.

Há mensagens ecológicas evidentes, além de uma falta de espanto com as tragédias que se abatem sobre os personagens, como um tsunami. "Não pensei no tsunami como ameaça ou perigo. O mar vem e volta, são ciclos periódicos e acho que essas coisas vão sempre acontecer. Esta é minha atitude. Neste filme, dá para entender o meu pensamento", disse Miyazaki.

A trama lembra a de "A Pequena Sereia", e o diretor admite a semelhança - na verdade, decidiu fazer o longa porque não gostou muito da versão recente, da Disney. Mas ele não vê os outros estúdios como rivais. "Eu os considero amigos", afirmou.

Miyazaki disse que gosta dos métodos tradicionais de animação. "Eu preciso do lápis. Acho que a animação necessita da mão do homem. É bom ter liberdade para usar computação gráfica, mas vou continuar usando meu lápis enquanto puder."

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