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31/08/2008 - 15h43

Segundo italiano da competição também tem recepção morna

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL, de Veneza
"Il Papà di Giovanna" (O pai de Giovanna), segundo filme italiano na competição em Veneza - o primeiro, "Un Giorno Perfetto", foi apresentado para a imprensa na manhã do sábado (30) -, também não empolgou os jornalistas presentes na sessão na manhã deste domingo (31).

A exibição teve problemas de som, que demoraram sete minutos para serem detectados. Com 15 minutos de atraso, o filme recomeçou.
O longa-metragem de Pupi Avati se passa durante a Segunda Guerra Mundial, numa Itália dominada por Benito Mussolini, e conta a história de um pai, como está evidenciado no título.

Michele (Silvio Orlandi, apontado como candidato à Coppa Volpi de ator) é um professor de arte que faz tudo para defender a filha (Alba Rohrwacher). Claramente, a adolescente enfrenta dificuldades de relacionamento - quase não tem amigos, muito menos namorado. Sente-se ainda mais diminuída pela beleza da mãe (Francesca Neri).

Quando Giovanna se torna suspeita do assassinato da melhor amiga, Michele precisa encontrar forças para lidar com a situação e continuar ao lado da filha. O argumento, interessante, perde-se numa certa ingenuidade irritante do personagem principal e nas referências à política da Itália fascista - que causaram polêmica com a imprensa italiana.

Os jornalistas acusaram o filme de revisionista por causa do personagem Sergio (Ezio Greggio), um policial da brigada fascista. "Fica bem claro que ele é um covarde. Não posso ver que tipo de objeções podem ser feitas", defendeu-se Avati.

Segundo o diretor, a relação do pai com a filha encontrou algum espelho em sua própria relação com sua filha. "Em alguns momentos da nossa vida, ela demonstrou dificuldades em lidar com outros. Tem muito de mim naquele personagem", afirmou.

Ele disse ter pensado em fazer o longa-metragem ao pensar como é a vida daqueles que têm um filho ou alguém da família acusado de um crime, algo muito comum nos dias de hoje. "O que acontece quando eles fecham a porta? O que se mantém do afeto anterior quando as câmeras se desligam? Fiquei tentando imaginar as emoções desse pai", contou.

A atriz Francesca Neri comentou a dificuldade de fazer uma mãe fria, incapaz de lidar com a filha. "É um personagem que me fez sofrer muito desde que a conheci. Graças a Pupi, eu consegui entendê-la. Não a justifico. Mas é possível que um pai, ou uma mãe, face a um evento tão dramático, falhe em dar à filha o amor de que ela precisa", disse.

Silvio Orlandi também falou sobre seu trabalho: "Parece um personagem complexo, mas foi uma das tarefas mais fáceis da minha carreira por causa do roteiro. Eu gosto deste filme porque não tem medo de mostrar as emoções", disse o ator, que não tem filhos.

O veterano cineasta Pupi Avati fez uma confissão no final: prefere fazer filmes sobre relacionamentos e amor por sua dificuldade de lidar com o tema. "Sou imaturo, mesmo estando prestes a completar 70 anos. Minha geração via as mulheres como algo misterioso, e por causa dessa falta de compreensão a relação era distante. Nunca fui capaz de saber que um homem pode ser amigo de uma mulher. Eu não sei muito sobre as mulheres e por isso sou muito curioso sobre elas", disse.

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