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04/09/2008 - 10h34

"Gabbla" expõe uma Argélia abandonada

MARIANE MORISAWA

Colaboração para o UOL, de Veneza
Os dois filmes africanos em competição em Veneza têm pelo menos uma coisa em comum: a duração. Tanto o etíope "Teza", de Haile Gerima, quanto o argelino "Gabbla", de Tariq Teguia, apresentado na noite desta quarta-feira 3 à imprensa, contam 140 minutos. Assim como "Teza", "Gabbla" também trata dos temas urgentes de seu país hoje, mas com mais ambição e mais consciência cinematográfica.

Reuters
O diretor Tariq Teguia se irritou com questão a respeito da sua origem argelina na coletiva de imprensa
IMAGENS DE VENEZA EM 4/9
"Tentei descrever mais paisagens, uma Argélia urbana, uma Argélia distante, quase abandonada, e uma Argélia interior, mas uma Argélia cheia de meditação e contemplação. Superpondo ritmos políticos, a cidade, o interior e o deserto. É como um patchwork feito de partes diferentes", disse o diretor na coletiva de imprensa, no início da tarde desta quinta-feira 4.

Malek (Abdelkader Affar) é um topógrafo que viaja ao interior da Argélia para fazer estudos para a inclusão dos vilarejos na rede de energia elétrica. Ao longe, ele ouve explosões. No alojamento que ocupa, antigos funcionários da mesma empresa foram assassinados por terroristas. Uma noite, aparece uma garota de algum país da África central, que deseja ir para o Marrocos e depois para a Europa. Por toda a jornada do personagem, o que se vê são cidades destruídas, casas abandonadas, um país por construir.

O diretor usa além da necessidade os planos longos, na verdade longuíssimos, para passar essa sensação. "O cinema só pode ser experimental, você deve experimentar o som, a imagem, a velocidade. Podia fazer algo diferente. Pegar um roteiro e simplesmente filmar", afirmou.

Motivada por sua afirmação de que não sabia falar as línguas berberes, uma jornalista perguntou ao cineasta sobre sua relação real com a Argélia - se tinha nascido lá, se ainda morava no país. Teguia se recusou a responder e, irritado, afirmou: "O francês se impôs a mim. Eu falo e penso em francês. Você precisa morar num país para falar sobre ele? O personagem se recusa a se identificar. Sou como ele, evito essas limitações".

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