Coprodução franco-brasileira selecionada para Veneza é híbrido em 3D de documentário e ficção
Uma história só com animais, sem falas nem atores, ambientada na floresta, e que retrata um "macaquinho herói". É assim que Fabiano Gullane, um dos produtores de "Amazônia - Planeta Verde", define o filme, que foi selecionado para ser exibido fora da competição no Festival de Veneza deste ano.
O público poderá conferir a história em 3D de Kong, um macaco prego que vive no Rio de Janeiro e embarca num avião para a região norte do Brasil. Após uma tempestade, o veículo cai, matando todos seus passageiros, com exceção do primata. O animal é obrigado não só a entrar em contato com a vida selvagem, uma realidade que lhe é totalmente desconhecida, mas também a aprender a sobreviver nela.
O produtor conta que o filme tem uma estrutura narrativa de ficção, mas com elementos clássicos do documentário.
"O filme é um híbrido. É um pouco de história ficcionada, com roteiro, personagens, começo, meio e fim, mas todo filmado com elementos da vida real, na floresta amazônica", explica Gullane ao UOL. "São todos bichos, não tem um ser humano no filme. Tudo é conduzido pela música e pela trajetória do nosso macaquinho herói; ele se protegendo dos predadores, buscando alimento, tentando achar companhia. O espectador conhece a Amazônia pelo ponto de vista dele."
O filme é um híbrido: um pouco de história ficcionada, com roteiro, personagens, começo, meio e fim, mas todo filmado com elementos da vida real, na floresta amazônica. Tudo é conduzido pela música e pela trajetória do nosso macaquinho herói. O espectador conhece a Amazônia pelo ponto de vista dele.
Caio Gullane, produtor de"Amazônia - Planeta Verde"
Por causa dos elementos que se misturam, Gullane brinca com o fato de o filme ter sido escolhido para a seleção de documentários, fora da competição do festival. "Vai ser uma eterna confusão a classificação desse filme, não vai ser a primeira nem a última vez." No entanto, ele garante que não há indisposição em relação aos realizadores de Veneza e que o que importa é o filme representar o Brasil no exterior.
Produção intensa
Este é o oitavo filme da Gullane selecionado por Veneza, mas nenhum outro teve um processo de produção tão intenso. Foram necessários três anos de gravações em várias regiões da Floresta Amazônica e 11,5 milhões de euros. "Filmar na Amazônia é um desafio para todos. Nada [que fizemos pode ser] comparado à dificuldade que foi filmar lá. Eram 50 toneladas de equipamento. As equipes ficaram semanas esperando os animais chegarem para filmá-los, por exemplo", conta Gullane.
A maioria dos animais retratados, inclusive, era selvagem, conforme explica Caio, irmão de Fabiano, que também é produtor da Gullane. "Só alguns dos animais nós filmamos em parques do Estado, ou que haviam sido capturados pelo Ibama", conta. Para Caio, a aventura pode ser conferida "por toda a família".
A ideia não tem uma única nacionalidade: foi pensada desde o começo entre realizadores franceses e brasileiros e é, segundo Fabiano, a maior coprodução França-Brasil já feita e a primeira que retrata a Amazônia em 3D.
O produtor comemora a exibição da obra em mais de trinta países, apesar de um fato tê-lo deixado triste. "Estamos muito felizes pela seleção, mas um pouco tristes por não ter nenhum outro filme brasileiro no festival de Veneza", conta.
A previsão de lançamento de "Amazônia - Planeta Verde" é para o começo de 2014.
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